Momentos de apreensão na Floresta Amazônica - Notícias Militares

Breaking News

Post Top Ad

Responsive Ads Here

Post Top Ad

Responsive Ads Here

03 novembro 2009

Momentos de apreensão na Floresta Amazônica

Jornal do Brasil

Depoimentos prestados pelos sobreviventes do acidente com o avião da C-98 Caravan da Força Aérea Brasileira (FAB), na região Amazônica, revelaram que a orientação dada pela tripulação e a calma dos passageiros foram fundamentais para que, das 11 pessoas à bordo, nove sobrevivessem. De acordo com o servidor da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) Marcelo Nápoles, em nenhum momento os militares que estavam na aeronave perderam a calma. Marcelo destaca que foi o suboficial Marcelo Dias – um dos ocupantes do avião que não sobreviveu – quem abriu a saída de emergência, segurou a porta e esperou para que todos saíssem.

– Quando a aeronave foi batendo na água, o tenente Ananias disse 'quem confia em Deus, confie agora porque a gente vai pousar na água' – lembra Nápoles.

Segundo os relatos, no momento da queda, todos os passageiros estavam com vida. Depois que a aeronave fez o pouso forçado, os passageiros tiveram pouco tempo para sair e tentar pisar em terra firme antes que a água invadisse a aeronave. Os sobreviventes relataram que a queda ocorreu em cerca de cinco minutos, mas eles não conseguem se lembrar com detalhes de todo o ocorrido.

– A situação causou desespero. Só acalmou quando o avião voltou e avistou a gente. Todos se emocionaram muito. Nos abraçamos e choramos juntos.

A sobrevivente Maria das Graças Nobre conta que todos foram orientados pelo segundo-tenente José Ananias da Silva Pereira a se prepararem para o pouso forçado, colocandose em posição de emergência e de proteção. Segundo ela, o local onde o avião pousou ficava perto da parte rasa do Igarapé Jacurapá e uma das maiores preocupações entre os ocupantes do voo era com a enfermeira Josiléia Vanessa de Almeida, que não sabe nadar.

– Na medida do possível, as pessoas conseguiram manter a calma.

Tínhamos muita confiança de que o resgate seria feito – disse.

Segundo Josiléia, o fato de não não saber nadar a deixou ainda mais assustada. Contudo, ela conta que conseguiu ser auxiliada pelos militares e chegar à margem do pequeno rio com segurança.

Josiléia está grávida de três meses e, de acordo com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), sofreu uma fratura em uma das costelas e uma pequena lesão na coluna cervical. Para ela, os militares tiveram total habilidade para conduzir a situação.

– Ouvimos um barulho estranho.

O mesmo barulho se repetiu.

O mecânico foi lá, olhou e disse que não teria jeito. Pediu para que todos ficassem em posição de impacto e tirassem sapatos, relógios, tudo o que pudesse obstruir nossa saída – diz.

O tenente de infantaria Wanderson Menezes – um dos membros da equipe de resgate – contou que a expectativa inicial era encontrar todos vivos. Segundo Menezes, Josiléia foi a primeira a subir para o helicóptero que fez o resgate dos sobreviventes.

– Nesse momento, temos que colocar a emoção de lado e fazer com que o trabalho aconteça com a maior segurança possível. No caso da Josiléia, para a nossa felicidade, salvamos duas vidas, a dela e a do bebê – lembra.

O Tenente Carlos Wagner Ottone Veiga disse ontem que conseguiu acionar o instrumento de localização de emergência antes da queda do avião da FAB. Segundo Veiga, depois da decolagem, o avião foi nivelado a 3 mil metros acima do solo. Depois de 50 minutos de voo, houve perda de potência e a temperatura do motor subiu muito rápido.

– Não chegou a parar. Lembramos de acionar o instrumento de localização de emergência e optamos por fazer um pouso forçado. Ou fazíamos na selva ou no rio e a decisão da tripulação foi fazer no rio – disse Veiga. Após o pouso, o piloto contou que a tripulação fez uma rápida contagem das pessoas que estavam na água. – A aeronave flutuou pouco tempo, começou a afundar muito rápido.

Contamos dez pessoas que saíram, mas infelizmente o senhor João Abreu, da Funasa, não conseguiu sair. Não houve tempo de ajudar, porque tínhamos que ajudar as pessoas na água.

A tripulação, segundo o piloto, orientou as vítimas a nadarem para a margem do rio.

– Alguns sabiam nadar, mas outras que não sabiam. Nós tivemos de ajudar muitas pessoas – disse Veiga.

Após a primeira noite na selva, o grupo escutou o barulho da aeronave.

– Nesse momento, tínhamos certeza que seríamos resgatados.

Fizemos a sinalização com bolsas laranja, fumaça. A felicidade foi muito grande.

A Funasa confirmou ontem a realização um ato ecumênico de ação de graças em homenagem aos sobreviventes do acidente aéreo e uma missa solene em memória de João de Abreu Filho, funcionário do órgão, ambos marcados para amanhã em Tabatinga. Em nota, a fundação informou ainda que o corpo de Abreu Filho foi trasladado de Cruzeiro do Sul (AC) para Tabatinga, e que o enterro do técnico ocorreu ontem no município de Benjamin Constant (AM), onde ele morava. João de Abreu deixou duas filhas: Braene, de 10 anos, e Bruna, de 11.

Já o corpo do suboficial Marcelo dos Santos Dias, a outra vítima do acidente, chegou ontem à tarde na Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, e foi sepultado na capital fluminense. Segundo os sobreviventes, Dias foi fundamental para que a maioria dos ocupantes da aeronave sobrevivessem ao acidente.

– Marcelo saiu da poltrona, foi até a porta atrás, abriu a saída de emergência e ficou. Até todo mundo sair, ele aguentou – lembra o sobrevivente Marcelo Nápoles.

(Com agências)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Post Top Ad

Responsive Ads Here