Dassault nega que tenha reduzido preço de caça

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Jornal do Brasil
 
A francesa Dassault negou ontem ter reduzido, a pedido do governo da França, o preço de seus caças Rafale em 40% nas negociações para vender a aeronave à Força Aérea Brasileira, como foi publicado no jornal francês Libération. O Rafale disputa a preferência brasileira com o sueco Gripen e o americano F-18.

Por meio de um porta-voz, a Dassault afirmou que as informações "são falsas" e que a empresa "não costuma negociar em público".

A redução de preços teria sido resultado de pressões do presidente francês, Nicolas Sarkozy, que durante sua visita ao Brasil em setembro se comprometeu diante das autoridades brasileiras a oferecer um preço equivalente ao que as Forças Armadas francesas pagam pelos Rafale – quase 50 milhões de euros cada um. O valor inicial seria de 98 milhões de euros por aeronave.
 
Segundo o Libération, o corte nos preços pode ser insuficiente para que a França ganhe a disputa. Uma fonte não identificada citada pelo jornal diz que a Dassault "aposta em uma escolha política do Brasil a favor dos Rafale para não diminuir tanto o preço, como Paris gostaria".

As autoridades governamentais francesas defendem um preço muito baixo que permita fechar a operação e lançar assim outras possíveis vendas deste avião, cuja trajetória comercial até agora tem sido decepcionante – apenas a França o usa.

No início de outubro, as três empresas que disputam a preferência brasileira apresentaram suas propostas ao governo brasileiro para a venda de 36 caças, o que incluía a transferência de tecnologia e, em alguns casos, o compromisso de compra de aviões brasileiros.

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, garantiu ontem que a disputa entre os fabricantes para fornecer os aviões ao Brasil está "fortíssima", mas evitou polemizar.

– Não entro em briga de empresa.

O problema com os Estados Unidos são as questões do passado.

O passado é um grande exemplo de embargo da transferência de tecnologia – alertou.

Jobim explicou que ouviu relatos dos militares denunciando que as empresas norte-americanas só iriam fornecer tecnologia para a conclusão de equipamentos militares, como baterias, pilhas térmicas e propelentes, daqui a 10 anos. Mas a dificuldade de concretizar acordos de troca de tecnologia, na avaliação do ministro, é um problema para vários países.

– Isso faz parte do jogo – afirmou.

– Todos os países do mundo não querem que os outros se desenvolvam tecnologicamente. Mas o Brasil vai se desenvolver.

O Ministério da Defesa pretende anunciar o vencedor da licitação para a compra de 36 aviões caça até o fim do ano. A Aeronáutica ainda avalia as propostas recebidas.

(Com agências)

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