InfoRel
As três empresas finalistas na concorrência para o fornecimento de 36 aviões de combate para a Força Aérea Brasileira (FAB), intensificam a briga nos bastidores para garantir um contrato que pode chegar aos US$ 4 bilhões.
O governo prometeu divulgar o nome da vencedora em outubro, mas as divergências entre o que querem o presidente Lula e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o que defendem os oficiais da Aeronáutica, adiou o anúncio oficial.
Lula e Jobim querem confirmar a escolha do Rafale, da francesa Dassault. Os militares que analisam as propostas tecnicamente preferem o Gripen, da sueca Saab.
Por conta dessa briga, já se cogita até mesmo o cancelamento do processo e a criação no próximo ano do programa FX3.
Na semana passada, o diretor da Dassault no Brasil, Jean Marc Merinaldo, criticou a Boeing e a Saab, que segundo ele, estariam plantando notícias falsas na imprensa.
Apesar de não revelar o preço do Rafale, afirmou que o avião não é 40% mais caro que os concorrentes. Para Merinaldo, falta compostura às empresas concorrentes.
O executivo explicou que o preço não pode ser divulgado por questões contratuais. Há um acordo de confidencialidade firmado entre as empresas e a FAB.
Ele disse que o preço do Rafale é compatível com os valores praticados pela concorrência. Em setembro, o presidente francês Nicolas Sarkozy garantiu que a Dassault venderia o caça pelo mesmo preço cobrado das Forças Armadas da França.
Estima-se que a França pegue cerca de 50 milhões de euros por unidade. De acordo com os concorrentes, a Dassault venderia o Rafale por 98 milhões de euros para o Brasil.
Merinaldo afirmou ainda que seriam necessários dos Gripen para executar a tarefa de um Rafale, o sucessor do Mirage 2000.
“O Gripen é um monomotor da classe Mirage 2000, de classe diferente do Rafale que é um bimotor que traz mais segurança e capacidade operacional superior. A depender da missão, são necessários dois Mirage 2000 para executar a missão de um Rafale”, explicou Jean Marc Merinaldo.
Transferência de tecnologia
O diretor da Dassault confirmou que a transferência de tecnologia não será de 100% e que chegará aos 50% apenas na entrega da 36ª aeronave.
Pela proposta entregue à FAB, as seis primeiras aeronaves serão montadas na França. As 30 seguintes no Brasil.
Além disso, a França se comprometeu com a compra de dez aviões KC 390 da Embraer.
Análise da Notícia
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou que a transferência de tecnologia é crucial para a definição da empresa que vai fornecer os caças para a Força Aérea.
Foi a senha para as concorrentes do Rafale detonarem o projeto francês. A transferência de tecnologia chegará aos 50% apenas na entrega da última das 36 aeronaves.
O ministro garantiu em audiência pública no Senado que essa transferência seria de 100%.
Como Brasil pretende adquirir o conhecimento para poder fabricar um caça e comercializá-lo na região, o F18 teve suas chances reduzidas ao mínimo.
Mas o Gripen possui componentes norte-americanos e isso é suficiente para os Estados Unidos vetarem sua venda para países considerados hostis.
Restou o Rafale, mas o francês também conta com equipamentos fabricados pelos norte-americanos.
A considerar o discurso oficial, os três teriam de ser eliminados do processo.
No Congresso já se fala em adiamento da decisão com a criação do FX3. A Saab estaria interessada nessa solução. Com mais tempo, poderia virar o jogo.
Especialistas afirmam que a FAB vai cometer um erro colossal se optar pelo Gripen. Seria repetir o erro cometido com o projeto AMX.