O presidente venezuelano, Hugo Chávez, pediu ontem aos líderes militares que estejam "prontos para a guerra" e preparem o povo para "defender a pátria" ante uma agressão. As declarações foram feitas em meio a uma elevada tensão com a vizinha Colômbia por causa de um acordo de cessão de bases colombianas aos EUA.
"Senhor comandante da guarnição militar, batalhões de milícias, vamos treinar. Estudantes revolucionários, trabalhadores, mulheres: todos preparados para defender esta pátria sagrada que se chama Venezuela", disse Chávez em seu programa semanal de rádio e TV Alô, presidente! "Se vivêssemos em um mundo no qual se respeitasse a soberania dos povos e o direito internacional poderíamos nos dedicar a qualquer coisa menos nos preparar para a guerra", acrescentou.
Ele também pediu ao presidente americano, Barack Obama, para que não se equivoque usando a Colômbia para atacar a Venezuela. "Estamos dispostos a tudo, mas a Venezuela não será jamais uma colônia ianque nem de ninguém." Chávez destacou que seu país foi "cauteloso" com o triunfo de Obama "e logo percebeu a verdade". Segundo ele, o "império está vivo e mais ameaçador do que nunca".
"O governo colombiano transferiu-se para os EUA. Já não está em Bogotá. O governo e a oligarquia colombianos tiraram as máscaras", acrescentou o líder bolivariano. As relações entre a Venezuela e a Colômbia sofreram altos e baixos na última década e vivem nova crise desde julho.
Chávez congelou as relações bilaterais após a Colômbia anunciar que pretendia ceder o uso de sete de suas bases aos EUA.
Bogotá disse que levará as "ameaças de guerra" de Chávez ao Conselho de Segurança da ONU e à Organização dos Estados Americanos (OEA), mas manifestou sua disposição ao diálogo franco.
MEDIAÇÃO
Ainda ontem, o presidente da Confederação de Câmaras de Comércio da Colômbia, Eugenio Marulanda, pediu a mediação urgente da ONU ou do Brasil para reduzir as tensões com a Venezuela após Chávez dizer que seu país está se preparando para a guerra. "Necessitamos uma mediação internacional de alto nível, como da ONU ou de (presidente Luiz Inácio) Lula da Silva, para dissuadir essa loucura que se tornou a relação entre Colômbia e Venezuela", disse Marulanda.
HISTÓRICO DE TENSÕES
12/2004
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