Igor Müller - Gazeta do Sul
O país Amarelo (metade oeste do Rio Grande do Sul, incluindo o Vale do Rio Pardo) enfrenta uma crise energética.
Seus campos petrolíferos se esgotaram e a única fonte é uma usina binacional construída em parceria com o país Verde (Paraná, Santa Catarina e metade leste gaúcha), onde fica a hidrelétrica. Os amarelos decidem então ocupar as jazidas de petróleo dos verdes (na região de Rio Grande), que em resposta obtêm o aval da ONU para tomar a usina binacional (na divisa do Rio Grande do Sul com Santa Catarina).
Este é o cenário da guerra simulada que movimenta, desde ontem, os 8 mil militares da Aeronáutica, Exército e Marinha envolvidos na Operação Laçador, treinamento que testa a integração das Forças Armadas. Santa Cruz do Sul é ponto-chave do país Amarelo, onde a Aeronáutica instalou, no pátio do Aeroporto Luiz Beck da Silva, o radar transportável italiano MRCS 403. Um contingente de 19 militares – incluindo mulheres – do 4º esquadrão do 1º Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC), sediado na Base Aérea de Santa Maria, está atuando na cidade.
A movimentação na base montada no aeroporto, no entanto, lembra pouco o cenário de que há dois países em conflito. Isso porque o radar serve para captar a movimentação aérea em um raio de 300 quilômetros no entorno da cidade e enviar, via satélite, para o Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (Cindacta) II, em Curitiba (PR). É lá que fica o controle do fictício país Amarelo. O comando dos verdes fica na Base Aérea de Canoas.
O capitão especialista em comunicações Nilvande Alves Brito alerta, no entanto, que haverá movimentação no céu de Santa Cruz. Isso porque pontos como o que foi montado na cidade são sempre um dos primeiros alvos dos inimigos. "E teremos que nos defender", acrescenta. Ontem à tarde caças já sobrevoaram a cidade. Os que estão sediados em Santa Maria tentarão impedir a aproximação dos de Canoas. "Se eles conseguirem passar é sinal que nos atingiram", resume. Conforme Alves Brito, caças dos modelos F5, A1 e Mirage 2000 deverão defender e atacar a base de Santa Cruz. A operação vai até o fim do mês.
ATENÇÃO
A Aeronáutica mobiliza 53 aeronaves na Operação Laçador, sem contar unidades como a montada em Santa Cruz. A Marinha participa com 13 navios, dois submarinos, quatro lanchas e oito helicópteros, além de mergulhadores e paraquedistas. O Exército está representado por militares das 3ª, 5ª e 6ª divisões e da 3ª e da 5ª Região Militar.