Entregues as propostas melhoradas na sexta-feira, os concorrentes aguardam – não sem pressionar, de várias maneiras, o governo brasileiro – a divulgação do nome vencedor.
No domingo, o presidente da Saab, Ake Svensson, conversou com jornalistas brasileiros em Estocolmo e apresentou o "pacote de bondades" da empresa para que os caças Gripen NG sejam os escolhidos. "Não procuramos um comprador, mas um parceiro. O Brasil também não quer apenas um fornecedor, mas também um parceiro. É uma oportunidade única", afirmou Svensson. "Não vou comentar as propostas dos nossos concorrentes", reagiu o CEO da Saab a uma pergunta do JC sobre o que ofereceram americanos e franceses.
A Saab até espera que a rainha Sílvia, filha de brasileiros, possa intervir. "Seria ótimo se ela pudesse falar com Lula sobre isso", diz um dos diretores da empresa sueca.
A proposta sueca é generosa. Oferece a oportunidade de o Brasil – via FAB e Embraer – desenvolver em conjunto o caça Gripen NG. De fabricar o avião no País e poder vendê-los aos vizinhos da América Latina. A Suécia até mesmo cogita usar o brasuca Super Tucano como avião de treinamento na Força Aérea Sueca. O percentual de retorno brasileiro, nas vendas futuras dos caças, seria de 175%.
Os suecos se comprometem a treinar todo o pessoal que lidaria com os Gripen. E o governo sueco ainda financiaria o contrato.
A proposta de vender Gripen na América Latina é tentadora, mas esbarra em um detalhe técnico, com forte aspecto político: a Saab não pode vender caças a qualquer país. A empresa precisa de autorização do governo sueco para prosseguir negociações com algum interessado. Há uma comissão independente de parlamentares que analisa o perfil do país. Caso detecte algo – como desrespeito flagrante aos direitos humanos, ditadura ou falta de democracia – a negociação é vetada.
"Não vendemos a todo mundo. O governo vê se o país é estável ou é uma democracia, por exemplo. É uma relação de governo. A indústria não diz nada. Tentamos vender, mas se eles disserem não, não vendemos", reconheceu Svensson, após o JC citar o nome da Venezuela, aliada do Brasil no plano sul-americano. A Saab tem 200 Gripen na Força Aérea da Suécia, seu maior comprador. Já vendeu 26 à África do Sul, 14 à Hungria, 14 à República Checa, 6 à Tailândia e um ao Reino Unido.