Jobim reafirma que "Brasil está inclinado pela França
Eliane Oliveira Enviada especial* - O Globo
ESTOCOLMO e BUENOS AIRES. Após ter demonstrado sua preferência pela oferta francesa dos caças Rafale, num encontro com o presidente da França, Nicolas Sarkozy, no início de setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passará hoje por uma saia justa, ao ser recebido pelo primeiroministro da Suécia, Fedric Reinfeldt. O governo sueco apoia a candidatura da Saab, fabricante do Gripen, como fornecedora das aeronaves à Força Aérea Brasileira (FAB). Outra concorrente é a americana Boeing, que produz o F-18. Ontem, Lula participou de um seminário empresarial em Bruxelas (Bélgica).
— É óbvio que o assunto virá à tona — disse a ministra de Comércio sueca, Ewa Björling.
— Podemos oferecer o que é melhor para o Brasil.
A expectativa é que o governo brasileiro tome uma decisão até o fim deste mês. Entre os critérios que estão sendo levados em conta, destacam-se o menor preço, a garantia de exclusividade na venda dos aviões pelo Brasil na América Latina e a total transferência de tecnologia.
Diante da simpatia de Lula pela proposta da francesa Dassault, suecos e americanos decidiram refazer suas ofertas, mas não revelam os detalhes.
A França tem a seu favor o fato de ser uma grande aliada do Brasil em diversas áreas.
Sarkozy apoia a possibilidade de os brasileiros assumirem uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Os Estados Unidos têm como ponto negativo o fato de terem vetado, em 2006, a venda de Supertucanos da Embraer para a Venezuela, sob o argumento de que as aeronaves produzidas no Brasil tinham componentes de alta tecnologia fabricados nos EUA. O presidente venezuelano Hugo Chávez, então, resolveu comprar os aviões da Rússia.
Embora tenha reiterado que a decisão final ainda não foi tomada, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, repetiu ontem, em Buenos Aires, que "a França tem vantagens" na disputa. Ele declarou que "politicamente o Brasil está inclinado pela França".
— Temos parceria estratégia que dá uma vantagem competitiva à França — disse