Presidente recebe Uribe e diz que não deve haver segredo na integração
Ricardo Galhardo - O Globo
SÃO PAULO. Embora tenha dito que ouviu tanto do presidente colombiano Álvaro Uribe quanto do americano Barack Obama a promessa de que as cinco bases militares a serem instaladas pelos Estados Unidos na Colômbia serão usadas apenas para o combate às Farc e ao narcotráfico, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer ter acesso total ao acordo entre os dois países. Segundo Lula, o Brasil vai propor que os países da Unasul tenham acesso total aos acordos militares dos demais membros.
— Não deve haver segredo nesse processo de integração que queremos fazer. Quando aconteceu a questão das bases, manifestei minhas preocupações ao Uribe e ao Obama.
O que nós queremos, Uribe e Obama concordam e não tenho por que duvidar deles, é que as bases sejam um problema interno da Colômbia — disse Lula, ontem, após encontro com Uribe na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Para Lula, o acesso dos demais países ao acordo entre EUA e Colômbia seria a solução para o problema. Em julho, ele mesmo manifestou preocupação com a instalação das bases e seus efeitos na região.
Uribe diz que não há motivo para suspeitas
Uribe garantiu que o único propósito da cooperação dentro das bases militares é ajudar na solução de problemas internos como a luta contra as Farc e o narcotráfico.
— A garantia vem dos processos históricos. A Colômbia jamais foi um país ofensivo.
Sempre temos sido profundamente respeitosos com o Brasil.
A Colômbia não tem um só motivo para gerar suspeitas— afirmou o colombiano.
Lula disse que vai propor a criação de um conselho sulamericano de combate ao narcotráfico com o objetivo de coordenar ações conjuntas.
Segundo ele, o Brasil também vai propor na Unasul que todos os países tenham acesso aos acordos militares dos demais membros.
Além disso, Lula anunciou ontem um encontro de cúpula entre os países amazônicos com o objetivo de tirar uma posição comum para o COP 15, o encontro de líderes mundiais que vai debater o aquecimento global, entre os dias 7 e 18 de dezembro, em Copenhague.