Jornal do Brasil
A assembleia nuclear da ONU decidiu ontem instar Israel a concordar com o Tratado de Não- Proliferação Nuclear e a abrir todas as suas instalações atômicas para inspeção, o que significou uma vitória surpreendente das nações árabes.
A resolução, aprovada em votação apertada pela primeira vez em quase duas décadas, expressa preocupação com a “capacidade nuclear de Israel” e pede a Mohamed El Baradei, chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), já em final de mandato, para trabalhar no assunto.
A resolução, patrocinada por Estados árabes, foi aprovada por 49 votos contra 45, em pleito na conferência anual dos Estados membros da AIEA. O voto dividiu países ocidentais e nações em desenvolvimento e teve 16 abstenções.
O embaixador iraniano Ali Asghar Soltanieh disse que a aprovação da resolução foi “uma ótima notícia e um triunfo para a nação palestina oprimida”. A Rússia e a China apoiaram a medida.
Poderio
Israel é um dos quatro únicos países fora do tratado, ao lado de Índia, Paquistão e Coreia do Norte, e é consenso que tem o único arsenal nuclear do Oriente Médio, embora nunca tenha confirmado nem negado a informação.
–A delegação de Israel deplora esta resolução – disse David Danieli, vice-diretor da comissão de energia atômica israelense, após a votação. – Israel não irá cooperar de forma alguma com esta resolução, que só busca reforçar hostilidades políticas e linhas de divisão no Oriente Médio.
A medida havia sido votada pela última vez em 1991, tendo sido aprovada por 39 votos contra 31 e 13 abstenções, quando havia muito menos membros na AIEA.
Diplomatas ressaltaram o número crescente de abstenções por países como Índia e Argentina como fator importante na adoção da resolução