Após acordos de mais de R$30 bi, Lagarde diz que país é referência para França na América Latina
Ronaldo D"Ercole - O Globo
SÃO PAULO. A ministra da Economia da França, Christine Lagarde, afirmou ontem que, com os acordos firmados entre os governos francês e brasileiro nas áreas militar e comercial (que somam mais de R$30 bilhões), o Brasil passou a ser o principal parceiro estratégico de seu país na América Latina.
Integrante da comitiva do presidente Nicolas Sarkozy, a ministra participou ontem pela manhã da primeira reunião do Grupo de Trabalho sobre Comércio e Investimentos, criado para ampliar a cooperação entre empresas dos dois países. Em seguida, participou de debate na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap).
- O Brasil é o parceiro preferencial, de referência para a França na região. O presidente Sarkozy expressou isso de forma inequívoca - disse ela, durante o debate.
Lagarde assegurou que Brasil e França estarão alinhados na reunião de cúpula do G-20, em Pittsburgh (EUA), no fim do mês. E destacou a adoção de regras que imponham controles mais rígidos sobre o sistema financeiro como ponto central da discussão. Segundo ela, há consenso de que é preciso "sustentar os programas fiscais" adotados pelos governos para enfrentar a crise. Mas é imperativo também ter uma "estratégia de saída", para evitar retrocessos quando a estabilidade econômica voltar.
- Se não fizermos as reformas (nas regras do sistema financeiro), voltaremos aos hábitos précrise - disse.
França defenderá restrição a bônus de executivos no G-20
Lagarde ressaltou que a França insistirá, contando com o Brasil, em restringir os bônus pagos a executivos de bancos. Os prêmios a dirigentes que conseguem altos lucros assumindo grandes riscos estão na raiz da atual crise, segundo ela. Mas esse é um ponto ainda sem consenso entre os membros do G-20.
- Não posso dizer que nossa posição foi aceita de forma unânime.
Ela foi incisiva também sobre a posição francesa em relação aos paraísos fiscais. Segundo Lagarde, dois terços dos "fundos alternativos", mais agressivos e que investem em derivativos, têm sede em paraísos fiscais.
- Então é legítimo obter deles (paraísos fiscais) informações - disse Lagarde, assegurando que os países que se recusarem a cooperar com os órgãos de controle serão alvos de sanções.