Andrei Netto, CORRESPONDENTE PARIS - O Estado de S.Paulo
Depois do imbróglio em Brasília, o governo francês não dá mais por concluída a venda dos 36 aviões de caça Rafale ao Brasil. Ontem, em Paris, o ministro da Defesa, Hervé Morin, endossou a versão brasileira, afirmando que a negociação vai começar agora. Segundo o executivo, a prioridade será dada à Dassault, mas nada está definido e a concretização da venda dependerá de variáveis como o financiamento, a transferência da tecnologia, os processos industriais, a cooperação e os sistemas de armas.
Diante da intensificação do lobby norte-americano pelo concorrente F-18 Super Hornet, da Boeing, diz Morin, a venda só será considerada concluída quando as duas partes assinaremos contratos, o que pode ocorrer entre oito e nove meses. O ministro falou pela primeira vez sobre a polêmica ontem, em entrevista à rádio RTL, de Paris. De acordo com ele, a negociação em torno da venda dos caças "começou bem", mas estaria apenas no início. "O comunicado diz que as negociações vão ser engajadas de forma prioritária com o Rafale", explicou.
"Haverá daqui para a frente uma discussão ao mesmo tempo sobre o financiamento do programa, sobre as transferências de tecnologia, os processos industriais, as cooperações industriais, o sistema de armas incluído e o contorno das prestações de serviço fornecidas pela fábrica", afirmou Morin, definindo as negociações em uma frase: "A venda começou bem. Ela será conquistada no dia em que for assinada."
VENDAS
Morin também endossou de forma indireta as declarações do diretor-presidente da Dassault Aviation, fabricante dos Rafale, Charles El-destenne, que em entrevista ao jornal Le Monde afirmou que Sarkozy vendeu os aviões ao Brasil, e não a companhia. Para o ministro da Defesa francês, a venda de equipamentos militares é fruto da combinação entre bons produtos e iniciativa política. "Se não tem um dos dois, você não vende."