PARIS. Se nos bastidores Brasil e França sabem que a escolha em favor dos caças Rafale franceses está feita, Paris optou pela discrição, diante do debate acirrado no Brasil, provocado pelo anúncio precipitado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segunda-feira. Ontem, o ministro da Defesa da França, Hervé Morin, insistiu que a venda dos 36 Rafale para o Brasil "decolou bem", mas ainda não está ganha.
Ele confirmou que ainda serão necessários de oito a nove meses de discussões.
Morin deu a lista de pontos que ainda serão debatidos com os brasileiros:
— Está claro que vai haver uma discussão que vai desembocar no financiamento do programa, nas transferências de tecnologia, no processo industrial, nas cooperações industriais e no sistema de armas — disse.
Morin explicou que os Rafale são equipamentos que vão durar de 30 a 40 anos: — Portanto, é preciso ver que sistema de armas será instalado (nos aviões), que tipo de prestação será oferecida pelo industrial. Haverá toda uma discussão em torno disso.
O ministro descartou a ideia de que a Dassault, construtora dos caças Rafale — que foi atingida pela crise e nunca conseguiu vender um Rafale fora da França — dependa desta venda para o Brasil para se reerguer:
— A Dassault é uma empresa que funciona muito bem e não tem problemas deste tipo.
Resta o mistério sobre o real preço do Rafale.
O porta-voz da Dassault, Yves Robins, confirma apenas que os 294 Rafale que as Forças Armadas francesas terão até 2021 vão custar, ao todo, 28 bilhões de euros, sem contar os impostos. Ele confirmou que, inicialmente, o custo total seria de 39,6 bilhões de euros.
Mas o preço dos caças foi reduzido.