Jobim diz desconhecer proposta da Suécia, que ofereceria os Gripen pela metade do preço dos franceses Rafale
Silvio Barsetti, RIO – O Estado de S.Paulo
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, admitiu que o prazo para a apresentação das propostas da Suécia, da França e dos Estados Unidos para a venda de caças ao Brasil pode ser estendido. "Vai depender da Aeronáutica, pois há questões técnicas implicadas", disse ontem, no Rio. A data estabelecida às empresas para as ofertas é dia 21, segunda-feira.
Em solenidade no Forte São João, na Urca, zona sul do Rio, para o lançamento dos Jogos Mundiais Militares, que serão disputados em 2011, Jobim afirmou desconhecer a proposta da Suécia, que ofereceria ao Brasil caças Gripen NG pela metade do preço dos franceses Rafale.
"Não conheço essa proposta. Apenas por meio do que foi dito a vocês", disse Jobim, referindo-se aos jornalistas, enquanto caminhava para o carro. Depois, diante da insistência sobre o interesse sueco em negociar os caças com o Brasil, o ministro reagiu com ironia.
"Isso é compra casada? Você compra uma garrafa de cerveja e leva quatro de guaraná?"
Na quarta-feira, durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado, o ministro reconheceu que existe uma opção política favorável à compra de caças da França, embora ressaltasse que as negociações não estavam fechadas.
Um dia depois da manifestação de Jobim, simpática à aquisição dos caças franceses, o viceministro de Defesa da Suécia, Hakan Jevrell, afirmou que seu país "não está buscando compradores, mas parceiros" para a elaboração do projeto do caça Gripen NG.
Segundo ele, caso escolha a proposta sueca, o Brasil poderá comprar dois aviões pelo preço de um, conforme oferta dos concorrentes.
Ontem, o ministro disse desconhecer essa informação e a atribuiu aos repórteres. "Isso de dois caças pelo preço de um veio da imprensa."
Jevrell fez as declarações, na quarta-feira, antes de se reunir com Jobim. O vice-ministro garantiu que a Suécia e a Saab, empresa fabricante do caça Gripen NG, estão 100% comprometidas com a transferência de tecnologia para o Brasil. "Não buscamos um comprador. Buscamos uma parceria estratégica e cooperação de longo prazo para as futuras gerações do poder aéreo e do desenvolvimento industrial", disse.
Ainda de acordo com Jevrell, o caça Gripen NG é o que apresenta menor custo por ciclo de vida.
CONCORRENTES
Além da empresa sueca Saab, com o Gripen NG, disputam a preferência da Força Aérea Brasileira os caças F-18 Super Hornet, da americana Boeing, e os Rafale, da francesa Dassault.
Na semana passada, em outro indício de que a França deve fechar acordo com o Brasil, o presidente Lula divulgou nota conjunta com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, anunciando o processo de abertura das negociações para a compra dos Rafale.
Mas no dia seguinte um comunicado do Ministério da Defesa atestava que a concorrência estava em aberto e só poderia haver uma definição depois da apresentação das três propostas.
Lula também passou a adotar um discurso mais moderado e disse que não havia nenhuma previsão para a decisão de quem seria o parceiro do Brasil no empreendimento. Chegou e pedir que evitassem o "chutômetro" sobre o assunto.