Gasto em 2008 pode ter chegado a US$51 bilhões
Janaína Figueiredo - O Globo
BUENOS AIRES. O orçamento militar dos países da União Sul-Americana de Nações (Unasul) continua aumentando. Números divulgados por centros de estudos sul-americanos e europeus variam, mas todos apontam tendência de forte crescimento. Segundo o jornal francês "Le Monde", entre 2003 e 2008, o orçamento militar da região subiu 91%. Já o Instituto de Estudos para a Paz de Estocolmo mostrou que, em 2008, o investimento em armas desses países chegou a US$34 bilhões. Para a Rede de Segurança e Defesa da América Latina (Redsal), a despesa foi ainda superior: US$48 bilhões.
O Centro de Estudos Nova Maioria, do analista argentino Rosendo Fraga, divulga todos os anos um balanço militar latino-americano e, segundo o documento, em 2008 o gasto militar dos governos do continente alcançou US$51 bilhões - crescimento de 30% em relação ao ano anterior. Segundo Fraga, os governos que mais aumentaram seus orçamentos militares ano passado foram os dos presidentes da Venezuela, Hugo Chávez (29,06%), e da Colômbia, Álvaro Uribe (37,07%). Para Fraga, "do ponto de vista político e ideológico, Chávez está criando um novo modelo, no qual as Forças Armadas passam a tomar parte de um projeto político-estatal, que também inclui milícias armadas".
Em meio à crise diplomática desencadeada pelo acordo que permitirá aos EUA utilizar sete bases militares em território colombiano, Chávez desembarcou ontem em Moscou para selar entendimento com o governo russo, que prevê a compra de três submarinos, vários veículos blindados, tanques T-72 e dez helicópteros militares por parte do líder bolivariano.
Após visitar o Irã, sábado passado, e trocar declarações de respaldo mútuo "às nações revolucionárias e anti-imperialistas", o venezuelano foi recebido por seu colega russo, Dmitri Medvédev, um aliado. Em agosto, em plena crise com a Colômbia, Chávez antecipou a decisão de realizar novas aquisições de armamento russo (entre 2005 e 2007, os acordos militares entre os dois países chegaram a US$4 bilhões).
O governo do boliviano Evo Morales decidiu adiar um acordo com o governo russo, que ofereceu um crédito de US$100 milhões à Bolívia para reequipar suas Forças Armadas.