Norte-americanos apresentam, como última cartada, transferência tecnológica de R$ 3 bi para fechar venda de 36 caças F-18 Super Hornet
Denise Chrispim Marin
BRASÍLIA
Os Estados Unidos ofereceram ao Brasil um compromisso de transferência tecnológica, em valor correspondente a US$ 3 bilhões, como última cartada para se contrapor ao favoritismo da França e vencer a concorrência aberta pela Força Aérea Brasileira (FAB) para a compra de 36 caças, o chamado programa FX- 2. O processo de escolha está em fase final e, por razões vinculadas a objetivos da política externa do governo Lula, tende a favorecer a aquisição dos caças Rafale, da companhia francesa Dassault.
A nova proposta americana em favor dos F-18 Super Hornet, fabricados pela Boeing, foi trazida pelo general Jim Jones, assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, e apresentada ao governo brasileiro como peça fundamental para o fortalecimento das relações Brasil- Estados Unidos.
“Nós viemos aqui esclarecer que essa é uma parte importante da nossa parceria como Brasil, que envolve uma transferência de tecnologia sem precedentes”, afirmou a subsecretária de Estado para o Controle de Armas e Segurança Internacional, Ellen Tauscher. “Essa é a melhor oferta que já fizemos até agora e tem como fundamento a relação forte que queremos construir com o Brasil”, disse, em entrevista ao Estado.
Anteontem, o general Jones, Ellen Tauschere o principal responsável no Departamento de Defesa sobre o tema, Ashton Carter, apresentaram a oferta ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, e ao comandante da FAB, brigadeiro Juniti Saito. Ontem, reiteraram a proposta ao chanceler Celso Amorim, como reforço de uma carta pessoal da secretária de Estado, Hillary Clinton, na qual expressou seu“ profundo apoio”à oferta americana.
A proposta envolve uma parceria entre a Boeing e 27 companhias brasileiras, entre as quais a Embraer,em 29 projetos individuais, que abrangem aerodinâmica supersônica, a montagem de partes e de sistemas do caça e de seu motor,o desenvolvimento de sistema de ameaças de combate, os projetos de aeronaves não-tripuladas, os biocombustíveis e a integração de armamentos brasileiros. Também entra no pacote a criação de um centro de capacitação industrial com a finalidade de manter a transferência de tecnologia de ponta. Nas contas do Departamento de Estado, esse negócio gerará mais de 7mil empregos diretos nos setores de energia e aeroespacial brasileiro se significará uma transferência de tecnologia da ordem de US$ 3 bilhões.
“Não se trata de uma via de mão dupla, mas de uma proposta em que os dois lados sairão vencedores e fará parte de uma cooperação mais extensa entre os EUA e o Brasil”, sustentou Ellen.
Os sinais emitidos pelo governo brasileiro indicam que o negócio poderá ser fechado com a França por ocasião da próxima visitado presidente Nicolas Sarkozy, que será o convidado especial para o dia 7 de Setembro.