Senhor Diretor de Redação,
Em relação à matéria “Submarinos: carta contraria Jobim, publicada em 26 de agosto, no jornal “O Globo” (página 11), na qual é abordado o Programa de Desenvolvimento de Submarinos, a Marinha do Brasil (MB) esclarece os seguintes aspectos:
Inicialmente, torna-se importante salientar que, mais uma vez, o jornalista José Meirelles Passos preferiu não consultar previamente a Marinha do Brasil, para o correto levantamento de subsídios, em relação ao assunto em pauta, o que originou uma matéria com informações equivocadas aos leitores desse renomado órgão de imprensa.
No mérito, preliminarmente deve ser esclarecido que o processo de aquisição de submarinos começou em 2005, envolvendo tanto franceses quanto alemães.
Depois de descartada a proposta alemã e com as discussões contratuais com a França em curso, desde maio de 2008, uma carta foi enviada pelos alemães no dia 06AGO2009, sem qualquer detalhamento técnico e depois de todo o contrato já discutido e assinado com os franceses, em 23DEZ2008, e a apenas um mês da entrada em eficácia do Acordo.
Esse procedimento é simplesmente um ato de pouco valor, e não pode sequer ser considerado.
Em dois anos de negociações, os alemães nunca aceitaram discutir essa transferência de tecnologia - até porque não a tem, uma vez que não detém a tecnologia de projeto de casco para o submarino de propulsão nuclear - e nunca conseguiram o apoio do Governo da Alemanha para esse Programa.
Deve ser ressaltado inclusive que, em fevereiro de 2008, em audiência com o Comandante da Marinha, os representantes da empresa HDW foram por ele questionados se o Governo Alemão apoiaria e avalizaria o Acordo, da maneira como está sendo feito pelo Governo Francês. A resposta dos representantes alemães foi de que, infelizmente, eles não poderiam dar essa garantia e que reconheciam a vantagem da proposta francesa que, em resumo, é um “Acordo entre Países” e não um simples contrato comercial entre a Marinha e um estaleiro construtor, caso da proposta alemã.
Quanto à afirmativa de que a proposta francesa é bem mais cara do que a alemã e, apesar das informações já prestadas pela Marinha, refutando e apresentando os números que contestam tal afirmativa, voltamos a esclarecer que o submarino convencional Scorpène custará € 415 milhões e que a proposta do submarino alemão U-214 é de € 450 milhões.
Deve ainda ser observado que, no último dia 02JUL, o Consórcio Alemão HDW assinou contrato com a Marinha da Turquia, para fornecer seis submarinos dessa classe ao preço unitário de € 430 milhões. Portanto, mais uma vez os números e as informações corretas contradizem o autor da matéria.
Quanto ao submarino de propulsão nuclear, a Marinha já se pronunciou informando o seu custo de € 2 bilhões, muito similar ao francês “BARRACUDA”, de € 1,9 bilhões. Releva notar que o nosso custo inclui o desenvolvimento do projeto, enquanto que, no caso do submarino francês, trata-se do custo unitário de construção.
Finalmente, destacamos que a proposta alemã de 06AGO2009, depois de conhecer em detalhes os valores da proposta concorrente, demonstra a tentativa de uma mudança de postura, já que até aquela data o seu posicionamento era pela não transferência de tecnologia.
Além disso, observa-se claramente o uso da frase – “... transferir à MB tecnologia de projeto de submarino para o desenvolvimento de seu próprio grande submarino que poderá receber a propulsão nuclear ...”. Essa expressão está corretamente empregada, porque é público e notório que a Alemanha não tem condições de usar a frase “seu próprio submarino de propulsão nuclear”.
Atenciosamente,