Roberto Silva
A FAB afirmou que, somente no final de setembro sua análise final sobre o FX-2 será encaminhada ao ministério da Defesa. Tal análise englobará aspectos técnicos, operacionais, logísticos, de compensação comercial e industrial, e transferência de tecnologia.
O relatório da FAB poderá apontar um caça preferido ou apenas indicar vantagens e desvantagens de cada uma das aeronaves. A decisão será do presidente, com o possível aconselhamento do Conselho de Defesa Nacional (CDN).
Essa decisão de adiamento da FAB deverá dar mais fôlego a suecos e americanos, pois Sarkozy poderá voltar para casa sem a encomenda e o contrato assinado. As novidades ainda se amontoam uma sobre a outra e algum tempo a mais poderá nos favorecer.
Os americanos morderam com as 7 bases e assopraram com transferência tecnológica. Se jogarem pesado pata vencerem, ninguém mais chegará sequer aos pés deles em termos de compensações comerciais e industriais. Mas essa decisão é temerosa.
E é aí que entra a Embraer e os interesses de toda a nossa indústria de Defesa. Para o lado que a indústria brasileira tender, o governo terá que confirmar.
Segundo a revista EXAME, a tão propalada preferência do governo pelos franceses encontraria forte resistência entre os pilotos da FAB e na Embraer que, nos bastidores, estaria tentando convencer o governo de que o negócio seria ruim para a indústria nacional.
Isso ocorre porque a Dassault, mal das pernas, é uma das principais concorrentes da Embraer no mercado de aviões executivos com os jatos Falcon. E uma encomenda desse porte daria um fôlego extra aos franceses. Então, de qual lado estará a Embraer nesse quadro, se não estiver com os franceses?
Os suecos vêm aí e a Embraer poderia se associar à SAAB. Os americanos prometem comprar dezenas e dezenas de Super Tucanos para a sua US Navy e para os Marines, onde atuariam em operações especiais.
Eles agora querem se associar ao nosso Pré-Sal, ajudando a financiar esta epopeia. Isso sem contar com os espelhos, colares e miçangas que serão ofertados pelos EUA e que todos conhecemos e podemos prever.
Nossas Forças Armadas estão gravemente sucateadas e podem realmente precisar deles, mas sem abrir mão de grandes encomendas à nossa indústria. Ganharíamos tempo para cuidarmos da ameaça bolivariana. Mas valerá a pena? Veremos muita água passar sob a ponte até o final de setembro.
A Agência de Cooperação de Segurança Nacional dos EUA acaba de notificar o congresso lá sobre a possível venda de 28 F/A-18E Super Hornet, 8 F/A-18F Super Hornet, motores e peças para o Brasil, com valor estimado em US$ 7 bilhões, aproximadamente R$ 12,6 bilhões.