Reuters
Um importante executivo da Boeing sinalizou ontem interesse da empresa de participar do desenvolvimento do cargueiro KC-390, que a Embraer está desenvolvendo a partir de um contrato com a Força Aérea Brasileira (FAB). O presidente da divisão de defesa da Boeing e vice-presidente-executivo da fabricante, Jim Albaugh, disse que a empresa pretende fazer negócios no Brasil independentemente do resultado de uma concorrência que selecionará os novos caças da FAB.
Ele afirmou ainda que já houve conversas entre representantes da Boeing e da Embraer sobre possíveis parcerias. "Sempre admiramos a Embraer e conversamos com eles sobre alguns projetos", disse Albaugh a jornalistas. Questionado sobre quais projetos teriam sido alvos dessas conversas, o executivo não quis entrar em detalhes, mas afirmou que "o KC-390 é um projeto que nós gostamos muito".
A Boeing, com seu caça F-18 Super Hornet, é uma das três finalistas do programa F-X2 da FAB, pelo qual a Força Aérea pretende adquirir 36 caças de multiemprego. Os outros dois finalistas são o caça Rafale, da francesa Dassault, e o Gripen NG, da sueca Saab. A decisão sobre o vencedor deve ser anunciada até o mês que vem.
Na semana passada, a Agência de Cooperação em Segurança Nacional dos Estados Unidos, ligada ao Pentágono, pediu aval do Congresso americano para a eventual venda dos Super Hornets ao Brasil, num negócio avaliado em US$ 7 bilhões. Albaugh, no entanto, procurou assegurar que a oferta entregue pela Boeing à FAB é de valor menor. "Posso garantir que nosso preço não é de US$ 7 bilhões", disse.
"Nosso governo é bastante cuidadoso em não permitir que nossos concorrentes saibam nosso preço", justificou. Apesar disso, ele se recusou a revelar valores da proposta entregue ao governo brasileiro.
SUBSTITUTO DO HÉRCULES
FAB e Embraer assinaram o acordo de US$ 1,3 bilhão para o desenvolvimento do KC-390 em abril. A expectativa é que as Forças Armadas comprem 22 unidades do novo avião, que substituirá os C-130 Hércules, fabricados pela americana Lockheed.
A linha de montagem e os dois primeiros protótipos devem estar prontos em sete anos. A Embraer estima o mercado externo total de cargueiros em 700 unidades num período de 15 anos, dos quais a fabricante brasileira espera deter um terço, o que significaria exportações de US$ 18 bilhões.