O acordo militar feito com a França sem maior debate pode ser bom, mas não para negócios como os iminentes
JANIO DE FREITAS – Folha de São Paulo
DESDE O SEU início, a condução das providências ligadas à escolha e às condições para compra de novos caças da FAB e submarinos marca-se, na área civil dos governos Fernando Henrique e Lula, por volteios, argumentos artificiosos, intenções encobertas e, como resultado, um conjunto de obscuridades e negaças deliberadas. Para que negócios multibilionários se decidam em um pequeno círculo à margem de conhecimento e participação que representem o país, ao menos em medida razoável. Assim se chega ao momento crucial dos negócios, que Nelson Jobim quer formalizar na França já a partir de amanhã.
As obscuridades poderiam justificar-se no caso de razões estratégicas militares e de segurança nacional. Não há nenhuma envolvida. As especificações dos tipos de caças concorrentes para a compra são públicas, estão disponíveis no mundo todo em revistas de aeronáutica e na internet, incluindo preços conforme as especificações. Os submarinos não são mais misteriosos do que os jatos.
Os caças franceses Rafale, que Lula e Nelson Jobim querem comprar, estão entre os mais caros dos possíveis para a FAB. Consideradas as dimensões extraordinárias do Brasil, não são os que têm a melhor autonomia de voo, a capacidade de percorrer as maiores extensões sem reabastecimento. Entre os países que fizeram compras mais recentes de caças, a Venezuela pode ser desconsiderada por possível influência política e ideológica de sua aproximação militar com a Rússia, mas a boa força aérea da Índia procedeu a seleção rigorosa -e não escolheu o caça francês. A equipe de pilotos e técnicos da FAB que visitou seus colegas da Índia, e testou suas decisões, deu-as como as mais acertadas.
O processo de seleção brasileiro, desde Fernando Henrique, foi uma sucessão de saltos. Da escolha propriamente militar, passou à cessão de tecnologia para produção de aviões aqui. Deveria conduzir ao caça francês, cujo fabricante, Dassault, é representado no Brasil pela Embraer. Mas não o fez, porque foi criada alternativa mais completa por outro concorrente. A dada altura, entrou nas exigências brasileiras o incremento de comércio convencional que o país fabricante dos caças se dispusesse a fazer. Até chegar-se à discussão em torno de galináceos e espigas exportáveis pelo Brasil - critério ao menos original para seleção de aviões de caça. E o caça francês não ganhou. O jeito foi deixar a seleção em banho-maria.
Lula retomou-a. Com Nelson Jobim, com mais objetividade e sem novidade: na direção que se pôde intuir desde a primeira vez em que levou seus ares de vitorioso à primeira visita a uma empresa. A Embraer. Por que a Embraer, e não a Gerdau, a Mercedes, a VW, outra das grandiosas, não ficou claro.
A não ser, talvez, para quem notou uma frase dita por Lula, sem razão alguma, como complemento dos elogios à empresa e sua bem sucedida situação: "Precisamos ajudar a Embraer". É verdade que, não muito depois, ele foi comprar um avião francês. Mas daí a esquecer a Embraer e o caça da França há distância.
A explicação de Nelson Jobim para gastar com submarinos franceses dez vezes a proposta alemã é que foram incluídos no pacote, pela França, uma base e um estaleiro, além de tecnologia e quatro e não dois submarinos. Se os adendos não estavam pedidos na concorrência, é claro que os demais concorrentes não os propuseram. Mais sério é que a Marinha e a engenharia civil têm habilitação para construir quantas bases e estaleiros quiserem, sem que o país precise pagar bilhões por isso.
E, afinal de contas, o que a Marinha quer são submarinos, cuja oferta pelos franceses é muito reconhecida como bastante ruim, com seu modelo Scorpène muito superado, de operação e manutenção ainda muito dispendiosas. E aquém do nível tecnológico e militar da Marinha.
O acordo militar feito com a França sem maior estudo e debate pode ser bom, eventualmente.
Não para negócios como os iminentes. Também porque, se o Brasil quiser se tornar potência armamentista, que o seja para valer e com inteligência. Não faz sentido gastar bilhões para armamentos superados ou inadequados, enquanto, nas palavras de Nelson Jobim, "o Brasil só terá submarino nuclear daqui a 20 anos".
A Folha de São Paulo critica "todas" as atividades do governo, isto é uma atitude interessante.
ResponderExcluirNormalmente um jornalista pode ter uma opinião a favor ou contra, mas deve mostrar os fatos e no caso da Folha, todos os jornalistas (que não tem entendimento militar), critican todas as atitudes no sentido de reequipar as forças armadas.
Esse Janio de Freitas em especial é um cara que já não apresenta nenhuma novidade, o que ele faz é copiar, colar e falar mal... receber as informações dos alemães e criticar os submarinos e a base naval de constução, depois vai receber informações da Boeing e vai criticar o Rafale ou o Gripen.
Vejam as afirmações dele ultimamente dizendo que a França tinha obrigado a construção da base naval quando na verdade a base era necessaria para a construção de submarinos maiores e para nos livrarmos do controle alemão que "nunca" transferiu nenhuma tecnologia.
Do preço dez vezes mais caro... na verdade ele está comparando a construção e a transferência de tecnologia com um simples upgrade... ou seja, está comparando coisas diferentes... é o mesmo que reclamar porque um quilo de sorvete é mais caro que uma bala de mel!
Que proposta alemã ele está falando? Você está brincando que você acreditou em alguma proposta alemã para transferência de tecnologia né? Isso é só para tentar truncar as negociações meu caro, não caia na conversa que os alemães fizeram essa proposta... eles nem tem tecnologia para sumarino nuclear.
E agora ele indica que algum acordo com a França foi feito sem maior estudo ou debate.
Possivelmente porque "ele" nao foi consultado ou não teve capacidade de entrevistar ninguêm da marinha!
Se ele tivesse falado com um almirante, provavelmente teria recebido informações mais confiáveis.
Pois fique sabendo que se as forças armadas indicaram algum fornecedor, neste caso, se a marinha indicou, isso foi estudado, e com certeza esse jornalista não foi consultado, afinal, ele não entende nada de defesa ou dos segredos envolvidos nessas negociações... ou será que ele queria saber dos detalhes antecipadamente para decidir algo? Será que ele sabe a diferença entre os equipamentos, o aço utilizado, a quantidade de pessoas envolvidas no projeto, a necessidade de uma local fora do centro da cidade do rio para tratar com energia nuclear?
O Scorpene não é superado, tanto que vão construir 10 unidades desse mesmo submarino na India, e se for para ficar aqui na américa latina, o Chile também comprou este submarino e está contente com o Scorpene.
Manutenção dispendiosa, aquém do nível tecnológico da marinha? Mas será que ele não entendeu que a manutenção vai ser dada no Brasil e isso vai torna-la muito mais barata que a manutenção "alemã" que tinha que ser na alemanha?
E será que ele também não entendeu que vai haver transferência tecnológica?
Ficar falando "mentiras" sobre algo ser superado ou inadequado? Quem é você para se pronunciar sobre isso? Os alemães te contaram que o Scorpene é superado e você acreditou? Os alemães te contaram que o Scorpene é inadequado?
Jânio, você precisa de mudar teus conceitos rapaz!
Atualize-se! Vá estudar um pouco mais antes de se meter a criticar algo, entenda o assunto antes de sair lançando críticas ao vento, e não acredite em tudo que os alemães te mandaram por email.
Abraços,
Fernando