Índia inicia testes de seu primeiro submarino nuclear

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Hillary e Sing firmam acordo que permitirá aos EUA monitorar uso de equipamentos fornecidos a Nova Délhi

Roberto Godoy – O Estado de São Paulo

Apenas um dia após a visita a Nova Délhi da secretária americana de Estado, Hillary Clinton, a Índia inicia hoje os ensaios oceânicos de seu primeiro submarino nuclear, o Chakra-I.

Hillary e o premiê indiano, Manmohan Sing, assinaram um acordo que permite ao governo americano monitorar o uso dos equipamentos militares que venham a ser fornecidos para as forças indianas. No momento, a discussão envolve a compra de 126 caças com opção para mais 94. Os 18 primeiros serão fabricados no país da empresa eventualmente contratada. Os demais devem ser produzidos na Índia, sob licença e com transferência de tecnologia avançada.

A cooperação entre Índia e EUA estende-se também ao setor nuclear. Duas usinas geradoras de energia receberão reatores americanos.

A referência técnica do submarino é um modelo russo, Akula-1. Todo o projeto foi revitalizado. A eletrônica de bordo é de última geração. O navio, que na versão original disparava torpedos e lançava minas, agora é armado com os mísseis Sagarika, capazes de alcançar alvos a mil quilômetros levando ogivas de meia tonelada com cargas convencionais ou nucleares.

O Chakra custou US$ 2,9 bilhões. É o primeiro resultado do projeto de desenvolvimento de um Veículo de Tecnologia Avançada, iniciado há cerca de 20 anos. Serão construídas outras quatro unidades dessa classe. Os testes são realizados sem alarde. Sing afirmou, na discreta solenidade de dedicação do submarino, que "esse programa não pretende levar nenhuma mensagem a ninguém".

Não é bem assim. Na região, a Índia enfrenta um gigante militar, a China, que atua na área com três submarinos de propulsão atômica dos quais um, o Xia, serve de plataforma de disparo para mísseis intercontinentais. Um segundo navio está em fase final de avaliação. A diferença de capacidades é imensa: enquanto a Índia alinha 55 mil militares na Marinha, a China reune 255 mil. São 8 destróieres indianos frente a 50 chineses; 15 fragatas ante 28; e 16 submarinos convencionais diante de 62 - 3 dos quais nucleares.

Não é o único programa definido como estratégico pelo governo da Índia. Segundo o ministro da Defesa indiano, A.K. Antony, a compra de um porta-aviões russo, o Gorshkov, será acompanhada da retomada da construção pela Índia, em cronograma curto, de um navio de 37,5 mil toneladas, do mesmo tipo. O Vikrant entrará em operação entre 2013 e 2014.

O Gorshkov, rebatizado Vikramaditya, será recebido até o final do ano. Desloca 45,5 mil toneladas, leva 1,8 mil tripulantes, mísseis, canhões, torpedos, e 20 caças Mig-29 Fulcrum, além de helicópteros Ka-27 e Ka-31. O custo total, envolvendo o casco, a modernização e ala aérea, chega a US$ 1,5 bilhão. A Índia mantém um porta-aviões, o Viraat, ex-Hermes britânico, recebido em 1959.

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