Dez atletas da Seleção Brasileira feminina se alistaram na Marinha e vão competir na Copa do Mundo licenciadas do quartel
Ivan Drummond – Correio Braziliense
Belo Horizonte — Quando começar a disputa da Copa do Mundo de Judô, no próximo sábado, um novo projeto do esporte brasileiro subirá ao tatame: a militarização dos atletas. Esse é um fato comum no mundo, em especial em países como China, Japão, Polônia, Hungria, República Tcheca e até mesmo os Estados Unidos. Há um mês, a tendência chegou ao Brasil. Dez das melhores judocas do país entraram para as Forças Armadas, mais precisamente na Marinha, o que lhes dá condições de participar, em 2010, no Rio, dos Jogos Olímpicos Militares. Seis delas estarão competindo: a meio-leve Érika Miranda, a leve Ketleyn Quadros, a ligeiro Sarah Menezes, outra meio-leve, Andressa Fernandes, e as meio-médios Danielli Yuri e Camila Minakawa. Elas formam a Armada brasileira, como são chamadas desde então.
O projeto mudou a vida das atletas, em especial das duas candangas que treinam em Minas, Érika e Ketleyn. “Foi uma proposta da Marinha para o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que repassou o convite às federações. A oportunidade nos foi oferecida e aceitou quem quis. Eu achei que era uma boa ideia, troquei uma ideia com a Ketleyn e lá fomos nós”, diz Érika.
A vida nas Forças Armadas é dura, conta Ketleyn. “A gente pratica um esporte que tem muita disciplina, mas lá, tem muito mais. Tem hora para tudo. A gente tinha de acordar às 6h, depois ir para uma ginástica, depois treinávamos, tínhamos aula”, conta a medalhista olímpica em Pequim-08.
Fora do quartel, as duas judocas titulares da Seleção Brasileira adulta planejam chegar ao pódio na etapa mineira da Copa do Mundo, o que poderá valer uma vaga no Campeonato Mundial de Roterdã, Holanda, em agosto.
As candangas se consideram irmãs e, coincidentemente, disputam a indicação para o Mundial, que será feita pela Confederação Brasileira de Judô (CBJ), contra outras duas irmãs: as cariocas Raquel (meio-leve) e Rafaela Silva (leve). “Isso é coincidência, mas já que tem de ser assim, vamos à luta”, diz Érika, que voltou a lutar em alto nível no Grand Slam do Rio, no último fim de semana — conquistou a medalha de bronze praticamente no retorno às competições, depois de uma cirurgia no joelho, feita em setembro do ano passado.
Ketleyn está numa situação ainda mais complicada que a amiga, pois em sua categoria, além de Rafaela, há também Mariana Barros e os resultados as colocam numa espécie de empate técnico. “É aqui que tenho de mostrar serviço, pois acredito que quem chegar ao pódio levará a vaga”, resume.
DELEGAÇÕES
Na disputa da Copa do Mundo de Judô, a Federação Internacional da modalidade faculta ao país que sedia inscrever quatro lutadores em cada uma das 14 categorias (sete no masculino e sete no feminino). Assim, a delegação brasileira será a maior, com 56 judocas (quatro equipes), vindo a seguir as de Estados Unidos e Canadá, com 18 cada. Bélgica, Grécia, Mongólia, Nova Zelândia e Ucrânia sãs as menores delegações, com apenas um lutador e um técnico.