Camilo Coelho – Extra
A invasão de três homens ao 1º Distrito Naval, na madrugada de quarta-feira, foi planejada e contou com a participação de um soldado da própria Marinha. Identificado pelos comparsas apenas como Vítor, ele queria roubar quatro fuzis calibre 762 na troca da guarda e vendê-los a R$ 40 mil para traficantes da Vila Cruzeiro. No depoimento prestado dentro do 1º Distrito Naval, os presos Sidclei Silva Oliveira, Luiz Fernando Marins de Freitas e Anderson Ataide de Jesus revelaram que o roubo foi determinado por Lúcio Mauro Carneiro dos Passos, o Biscoito, traficante do Morro da Mangueira, que está escondido na favela da Penha.
A ação da quadrilha foi planejada uma semana antes, quando Sidclei e Vítor entraram no 1º Distrito Naval e deixaram estacionado o Corolla roubado, que foi entregue por Biscoito na Vila Cruzeiro.
Eles fizeram o reconhecimento da área e combinaram como o roubo aconteceria. Na madrugada de quarta-feira, às 1h, o grupo se reuniu na Penha e seguiu para o Centro. No caminho, eles ainda pararam na Rua Visconde de Inhaúma para colocar a calça camuflada, a bota, camisa verde e gandola. Legenda: Lúcio Mauro Carneiro Passos, o Biscoito, traficante do Morro da Mangueira
O grupo foi para o 1º Distrito Naval com Márcio ao volante do Corsa, Vítor no banco do carona e Sidclei e Luiz escondidos no banco de trás. Eles chegaram pela entrada principal e quando encontraram o primeiro sentinela, Márcio abriu a janela até a metade, mostrou a identificação de Vítor, disse que se tratava de uma emergência médica e que depois voltaria para se identificar na guarda.
Mas ao invés de seguir para o hospital, eles estacionaram ao lado do Corolla e mudaram de carro, onde os três bandidos ficaram escondidos durante 10 minutos. Isso porque, depois de estranhar a entrada do Corsa, um dos soldados decidiu segui-los e viu que eles não tomaram a direção do hospital.
Antes da troca da guarda, quando os bandidos anunciariam o assalto, homens da Marinha abordaram o carro. Eles saíram com as mãos para o alto e depois deitaram no chão. Uma pistola foi encontrada com Sidclei, enquanto a outra estava jogada no chão do Corolla.
Depois de serem ouvidos durante toda a quarta-feira dentro a Marinha, Sidclei, Luiz e Anderson foram para a delegacia. Eles dormiram na 5ª DP (Mém de Sá) e na tarde de quinta-feira foram transferidos para a carceragem da Polinter, em Neves. Um Inquérito Policial Militar (IPM) foi aberto para investigar o caso. Citado pelos comparsas durante o depoimento, o nome do soldado Vítor não apareceu nas mensagem divulgadas à imprensa pela Seção de Comunicação Social da Marinha. A Marinha não informou o que foi feito com o soldado Vítor. Procurada na noite de ontem pelo EXTRA, a assessoria não foi localizada.
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