Viviane Vaz – Correio Braziliense
O presidente do Haiti, René Préval, vive dias de instabilidade a apenas uma semana do segundo turno das eleições para o Senado no país. Em 21 de junho, 22 candidatos disputarão duas vagas na instituição. Mais de 100 estudantes da Universidade do Estado do Haiti (UEH) protestaram ontem nas ruas da capital, Porto Príncipe, para exigir a publicação da lei que fixa o salário mínimo em 200 gourdes (cerca de US$ 5) por dia — o salário mínimo atual é de apenas US$ 2. Ontem, o ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, assumiu como novo enviado especial da ONU para o Haiti.
Enquanto o país mais pobre da América Latina enfrenta a tempestade política, o Senado brasileiro discutirá amanhã o papel das tropas brasileiras na missão da ONU para a manutenção da paz no país, Minustah. “O objetivo desta audiência é debater com o governo e com a opinião pública no Brasil qual é o papel que cumpre esta missão militar. O governo e a ONU vendem a ideia de que é uma força de paz e ajuda humanitária. Os movimentos sociais haitianos e vários movimentos sociais dizem que não é isso”, disse ao Correio Dirceu Travesso, do movimento Conlutas, que participará da reunião.
Segundo ele, empresas estrangeiras, como a brasileira Coteminas, têm se beneficiado economicamente do que considera uma “ocupação” no país.
Por outro lado, o Exército brasileiro defende que as tropas brasileiras atendem ao compromisso assumido pelo Brasil com a ONU (resolução 1542), e não cabe à instituição estipular o término da missão. “As observações recebidas pelos órgãos integrantes da ONU e das autoridades haitianas são de que o contingente brasileiro tem cumprido de maneira adequada e pertinente a missão que lhe foi confiada”, explicou à reportagem o Centro de Comunicação Social do Exército. A audiência no Senado contará com a participação de representantes do Itamaraty, do Exército, da Casa Civil e de movimentos sociais.