Denise Chrispim Marin, BRASÍLIA – O Estado de São Paulo
O Itamaraty afirmou ontem estimar que só a partir de 2011 o governo do Haiti e a ONU poderão "começar a refletir" sobre a redução gradual das tropas estrangeiras no país. Até lá, o Brasil manterá o comando da Missão das Nações Unidas de Estabilização do Haiti (Minustah), que reúne militares de 20 países, e seu contingente, atualmente de 1.280 homens. A perspectiva brasileira traz uma reação antecipada às pressões de setores haitianos que querem um plebiscito sobre a retirada em curto prazo das tropas estrangeiras.
Essa insatisfação tende a ser canalizada no segundo turno das eleições para o Senado, no domingo. Segundo a conselheira Gilda Motta Santos Neves, chefe da Divisão das Nações Unidas do Itamaraty, o Conselho de Segurança autorizará a saída da Minustah apenas quando for confirmada a evolução da situação de segurança, do desenvolvimento econômico e social e da reconstrução institucional do Haiti. Esses itens são avaliados a cada seis meses pela ONU. Para a diplomata, não se trata de uma meta que possa ser alcançada em curto prazo.
A partir de janeiro, o Brasil deverá voltar ao Conselho de Segurança como membro nãopermanente, por um período de dois anos. Será, portanto, um voto a mais pela preservação das forças da ONU no Haiti.
"A situação de segurança no Haiti ainda é frágil. A presença da Minustah deve ser renovada por mais um ano, em outubro. A retirada das tropas ainda não é discutida", afirmou a conselheira.
A embaixadora Vera Machado, subsecretária de Assuntos Políticos do Itamaraty, enfatizou que a reconstrução do Haiti é uma "prioridade da política externa" brasileira e a cooperação do Brasil com esse país é um compromisso de longo prazo, que tem sido conduzido de forma "exemplar".