A despeito da crise econômica, países investiram US$ 1,46 trilhão em Forças Armadas, ou US$ 217 per capita, diz estudo sueco
EUA e China lideram ranking de despesas militares, no qual o Brasil, que aumentou em 30% seu gasto em dez anos, figura na 12ª posição
DA REDAÇÃO – Folha SP
A despeito da crise econômica global no segundo semestre, gastos militares alcançaram o valor recorde de US$ 1,46 trilhão no mundo em 2008, aponta relatório do Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês), think tank financiado pelo governo sueco.
A cifra corresponde a 93% do Produto Interno Bruto brasileiro de 2008 (US$ 1,57 trilhão, de acordo com o Fundo Monetário Internacional).
Trata-se de um aumento de 4% em relação ao ano anterior e de 45% em relação a 1999, em grande parte atribuído à política de "guerra ao terror" disseminada pelos EUA até este ano.
O gasto com as Forças Armadas subiu de US$ 202 em 2007 para US$ 217 por habitante do planeta em 2008 -valor equivalente a 29% do gasto per capita com saúde no mundo (US$ 716), segundo dados da Organização Mundial da Saúde.
O Brasil está entre os países que aumentaram seus gastos, segundo o Sipri.
"Por enquanto, a indústria mundial de armamentos, com as guerras no Iraque e no Afeganistão e com o aumento de gastos em diversos países em desenvolvimento, mostrou poucos sinais de sofrer impacto da crise", diz o relatório.
Os EUA continuam a liderar a lista -seus gastos militares cresceram 9,7% em 2008, para US$ 607 bilhões. Gastando US$ 84,9 bilhões, a China aumentou as despesas em 10% e chegou à segunda colocação pela primeira vez, seguida por França (US$ 65,7 bilhões), Reino Unido (US$ 65,3 bilhões) e Rússia (US$ 58,6 bilhões).
O estudo aponta que os crescentes déficits orçamentários governamentais devem afetar futuras despesas militares. Nos EUA, a expectativa é a de que os gastos com armas tenham seu crescimento reduzido no governo de Barack Obama em comparação à era Bush.
Brasil e América do Sul
Na América do Sul, as despesas cresceram 50% na última década, "arrastadas pelo Brasil, que iniciou um trabalho de longo prazo para se consolidar como potência regional, e pela Colômbia, por seu conflito interno", aponta o relatório.
O Brasil gastou US$ 23,3 bilhões em 2008 -o que inclui aposentadorias e pensões militares.
Trata-se de crescimento de quase 30% em relação a 1999. Com isso, ocupa o 12º lugar na lista do Sipri.
Com agências internacionais