Virgínia Silveira, para o Valor, de São José dos Campos
A implementação do Pólo Aeronáutico Brasileiro de Helicópteros de Grande Porte, com o projeto do helicóptero EC-725, que será fornecido para as Forças Armadas brasileiras, é o principal desafio que o executivo Eduardo Marson, de 46 anos, terá a partir de hoje como novo presidente da Helibrás
Desafio que, segundo Marson, será duplo, pois também ocupará o cargo de presidente do conselho de administração da EADS Brasil, braço de marketing e estratégia do grupo europeu EADS. A indicação de Marson para as duas funções foi aprovada na sexta-feira, durante reunião dos acionistas da Helibrás, em São Paulo. O executivo assume o lugar de Jean-Noël Hardy, que ocupou o cargo por quatro anos.
Subsidiária da francesa Eurocopter, a Helibrás é integrante do grupo EADS, do qual Marson era diretor-geral no Brasil desde 2003. Segundo ele, esta é a primeira vez que a EADS delega a um executivo duas funções estratégicas. "Isto mostra a importância que a Helibrás conquistou no grupo, que considera o Brasil um dos cinco países mais importantes para seus negócios, junto com os Estados Unidos, China, Rússia e Índia".
Cientista político formado pela Universidade de São Paulo, Marson traz para a Helibrás sua experiência nas áreas de estratégia e marketing, adquirida inicialmente como diretor de Relações Internacionais e de Desenvolvimento de Negócios da Brazilian Helicopter Services (BHS) e como representante no Brasil da Rocky Moutain Helicopters. Foi sob sua gestão na EADS que o executivo participou de maneira decisiva da venda dos 50 helicópteros EC-725 para as Forças Armadas Brasileiras e do avião presidencial ACJ, da Airbus.
Marson também atuou ativamente nas negociações para o fornecimento de 12 aeronaves de transporte C-295, pela Airbus Military, e a modernização de nove aviões de patrulha marítima P-3, para a Força Aérea Brasileira (FAB), programas avaliados em cerca de US$ 767 milhões.
A participação da EADS como acionista minoritária da Equatorial Sistemas, especializada em sistemas para o setor espacial e a criação da EADS Secure Networks Brasil, responsável pelo fornecimento do sistema de radiocomunicação à Política Federal, estão ainda entre os negócios que ele se dedicou nos últimos anos.
Na Helibrás, segundo Marson, as expectativas também são animadoras. "Um dos meus objetivos é manter os níveis positivos de faturamento e vendas da empresa. O trabalho do meu antecessor foi excelente e extremamente importante, mas a crise - que afeta a Aviação mundial - continua".
O executivo disse que precisará de pelo menos 30 dias para ter uma visão mais precisa da organização e para preparar a construção de uma nova Helibrás, no contexto do programa do helicóptero EC-725. "Poucas empresas têm a oportunidade de trabalhar num projeto dessa envergadura num período de crise. Trata-se de um projeto fundamental para garantir a carga de trabalho, o faturamento e a sobrevivência da Helibrás nos próximos 17 anos", completou.
O investimento previsto no projeto, de € 200 milhões, contempla a ampliação da capacidade de produção e o aumento do número de funcionários, atualmente de 300, para cerca de 600 até 2011.