Organizações de ajuda humanitária da ONU (Organização das Nações Unidas) têm sido barradas nas zonas de conflito do Sri Lanka, segundo porta-vozes da organização em Genebra. Desde o último fim de semana, mais de 400 civis foram mortos na região nos confrontos entre guerrilheiros dos Tigres Tâmeis e membros do Exército.
"Não temos acesso à região e nesse contexto não podemos dar seguimento à entrega de ajuda humanitária", disse Emillia Casella, porta-voz do Programa Mundial de Alimentos (PMA), que nas últimas semanas tem enviado 150 toneladas de alimentos à zona de conflito.
A quantidade de alimentos transportadas para a região seria suficiente para alimentar 60 mil pessoas por cinco dias. Os carregamentos são realizados por barcos da Cruz Vermelha e entregue por terra para agentes do governo para a distribuição.
Nesta terça-feira, o bombardeio de um hospital no norte do país --o segundo em dez dias-- deixou 49 mortos e 50 feridos, sendo a maioria pacientes que estavam internados no hospital.
Os rebeldes estão, há alguns meses, encurralados em uma região do noroeste do país, com mais cerca de 50 mil civis, segundo estimativas da ONU. O governo cingalês rejeita qualquer trégua ou cessar-fogo, por considerar estar próximo da vitória. O comando dos Tigres Tâmeis rejeita a rendição e exige que todos os rebeldes carreguem uma cápsula de cianeto e a engulam, em caso de captura.
Os rebeldes lutam, desde 1983, para criar um território independente para a minoria étnica tâmil, que sofreu discriminação com os sucessivos governos da maioria cingalesa. Tanto os Estados Unidos quanto a Europa consideram o grupo terrorista.
Segundo a ONU, que denuncia um "banho de sangue" na região, cerca de cem crianças foram assassinadas neste final de semana. Nos últimos seis meses, cerca de 200 mil pessoas fugiram das zonas de conflito, mas 50 mil ainda permanecem na região. Ao todo, 900 pessoas tentaram escapar nos últimos dias da área de Mullaitivu com destino a Omanthai, no distrito de Vavuniya, ao norte.
Apesar da situação grave no Sri Lanka, as agências da ONU preveem que os recursos atuais serão insuficientes para atender todas as vítimas da guerra. Casella alerta ainda que em julho haverá uma interrupção do atendimento, caso não receba mais aporte financeiros --a entidade pediu US$ 40 milhões para ajudar na crise humanitária.
A ONU afirma que o atendimento das vítimas é feito atualmente "graças a generosidade mostrada pelos donatários no início do ano". A entidade afirma ainda não ter conhecimento sobre a situação vivida pela população nas zonas de combate e que cerca de 194 mil pessoas vivem atualmente em campo de refugiados administrados pelas Nações Unidas.