O único hospital em funcionamento na região onde tropas do governo e rebeldes separatistas se confrontam há meses, no Sri Lanka, sofreu um novo ataque, nesta terça-feira --o segundo, em dez dias. Desta vez, 49 pessoas morreram e outras 50 ficaram feridas, sendo na maioria pacientes internados. No ataque anterior, em 2 de maio passado, 64 morreram.
O ataque aconteceu depois de um fim de semana violento, no qual os conflitos entre tropas do governo e os rebeldes do grupo Tigres Tâmeis, encurralados em uma pequena zona de conflito, no norte do país, aumentaram. Os rebeldes estão ao lado de cerca de 50 mil civis, confirme estimativas da ONU (Organização das Nações Unidas). Só neste fim de semana, quase 400 civis morreram e mais de mil ficaram feridos.
Para a ONU, a escalada na violência do Exército contra a guerrilha foi o "banho de sangue que a comunidade internacional tanto temeu que acontecesse". "A morte de civis em larga escala deste fim de semana, sendo mais de cem crianças, mostra que o banho de sangue virou uma realidade", disse porta-voz da organização Gordon Weiss.
Segundo um alto chefe do departamento de saúde do governo, Thurairaja Varatharajah, o ataque desta terça-feira foi feito com um único morteiro, e a expectativa é que o número de mortos suba. TV locais mostraram imagens do resgate dos feridos e as dezenas de corpos dos mortos enfileirados na calçada em frente ao hospital. Conforme o jornal americano "The New York Times", antes de ser um hospital, o local abrigava uma escola.
Dois funcionários do hospital informaram à agência Associated Press, sob condição de anonimato, que o administrador do hospital está entre os mortos.
EUA
Os Estados Unidos expressaram nesta terça-feira profunda preocupação com o "inaceitável" número de mortes civis no Sri Lanka, e exigiram que a guerrilha Tigres Tâmeis e o governo encerrem os combates. "Estamos profundamente preocupados. Consideramos que há um número inaceitável de civis mortos", afirmou o novo porta-voz do Departamento de Estado americano, Ian Kelly. Os EUA pediram em reiteradas ocasiões aos LTTE que abandonem as armas e permitam aos civis sair da zona segura.
Kelly exigiu que o governo do Sri Lanka cumpra o que informou em 27 de abril passado, quando anunciou o fim "das operações de combate" contra a guerrilha e o uso de armas pesadas.
O chefe da Organização para a Reabilitação dos Tâmeis (TRO) --também ligada à guerrilha--, Lawrence Christy, disse que mais de 3.200 civis morreram desde domingo à tarde (10), e pediu uma intervenção internacional para deter o "genocídio".