Cecilia Heesook Paek
Seul, 27 mai (EFE).- A Coreia do Norte deu hoje mais um passo em sua rede de desafios iniciada esta segunda-feira com seu teste nuclear, ao ameaçar a Coreia do Sul com um ataque militar e dar por liquidado o armistício com que terminou em 1953 a guerra entre ambos os países.
O regime comunista de Pyongyang reagiu assim à decisão tomada ontem pelo Governo de Seul de aderir à iniciativa americana contra o tráfico de armas de destruição em massa (PSI, na sigla em inglês), que permite a abordagem de navios suspeitos.
A Coreia do Norte anunciou que responderá com um ataque militar se seus navios forem interceptados e que também não garante a segurança dos navios estrangeiros no Mar Ocidental (Mar Amarelo), onde em anos recentes os dois países mantiveram confrontos armados.
O presidente sul-coreano, Lee Myung-bak, agradeceu à população a "maturidade" com que está recebendo as ameaças norte-coreanas, enquanto uma fonte militar assinalava à agência "Yonhap" que seu país tem superioridade naval e repelirá qualquer ataque.
A península coreana é uma das áreas mais militarizadas do mundo, com um milhão de soldados da Coreia do Norte, 655 mil da Coreia do Sul e outros 28,5 mil militares americanos assentados em território de seu aliado sul-coreano desde o final da Guerra da Coreia.
A Coreia do Norte efetuou seu segundo teste nuclear e lançou pelo menos cinco mísseis de curto alcance - hoje se informou do último deles, disparado ontem à noite -, fazendo caso omisso às advertências dos EUA, Japão, Coreia do Sul e da própria ONU.
A agência estatal norte-coreana "KCNA" divulgou hoje fotografias de uma grande comemoração, ontem em Pyongyang, para aplaudir o "sucesso" nuclear do país, cujo líder, Kim Jong-il, se mostra mais ameaçador do que nunca, apesar de sua aparente frágil saúde.
Segundo fontes diplomáticas citadas pela agência "Yonhap", a usina nuclear norte-coreana de Yongbyon, inativa desde 2007 por um acordo internacional, teria sido reativada em meados de abril com o objetivo de extrair plutônio.
No dia 25 de abril, a Coreia do Norte já tinha anunciado que tinha começado a extrair plutônio do combustível nuclear que armazena nessa usina, a fim de impulsionar seu poder atômico perante as "forças hostis".
Hoje o léxico empregado por um porta-voz da missão militar norte-coreana na vigiada fronteira entre as duas Coreias foi similar, ao tachar a equipe do presidente Lee de "grupo de traidores" e ameaçar, em último caso, com a guerra.
Segundo esse porta-voz, os militares norte-coreanos já não estão vinculados ao armistício do fim da Guerra da Coreia (1950-1953), devido à decisão de Seul de participar plenamente na iniciativa PSI liderada pelos EUA.
Essa campanha permite abordar navios e aviões suspeitos de participar da proliferação de armas de destruição em massa, algo que a Coreia do Norte considera uma violação dos termos do armistício que assinou em 1953 com a China e os EUA, este último representando o Exército sob a bandeira das Nações Unidas.
Pyongyang assegurou que se algum de seus navios for inspecionado com base na PSI, isso será um ato hostil e "uma violação intolerável de sua soberania" à qual responderá com um ataque militar.
As duas Coreias estão tecnicamente em guerra pois nunca assinaram um tratado de paz, algo que parecia possível quando em outubro de 2007 realizaram uma cúpula histórica em Pyongyang, que terminou com uma declaração a favor da "paz permanente", mas que agora está cada vez mais longe.
"Se o armistício for dado por concluído, a Península coreana, em termos legais, está no caminho de retornar ao estado de guerra e nossas forças revolucionárias tomarão decisões a favor das ações militares pertinentes", disse o porta-voz norte-coreano.
Coreia do Norte ameaça Coreia do Sul com um ataque militar
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