O “espetacular” lançamento do foguete norte-coreano do último fim de semana mostra que o país obteve avanços na sua tecnologia de mísseis, disse nesta quarta-feira o Japão, que voltou a defender uma reação dura do Conselho de Segurança da ONU contra a atividade norte-coreana.
A Coreia do Norte diz que o lançamento do domingo serviu para colocar um satélite em órbita, e que isso é parte legítima de um programa espacial pacífico. Críticos dizem, no entanto, que o lançamento é um teste disfarçado do míssil de longo alcance Taepodong-2, e que isso viola uma resolução da ONU adotada em 2006, após testes com armas nucleares e mísseis, que proíbe esse tipo de atividade por parte da Coreia do Norte.
EUA e Coreia do Sul contestam que o Norte tenha realmente colocado um satélite em órbita.
Referindo-se a imagens do lançamento divulgadas na terça-feira pela TV estatal norte-coreana, o chefe de gabinete do governo japonês, Takeo Kawamura, disse que não ficou claro se o foguete realmente levava um satélite. Ele passou sobre o Japão durante seu trajeto de 3.200 quilômetros, que acabou no oceano Pacífico.
“Ele foi lançado de forma espetacular”, disse Kawamura a jornalistas. “Podemos dizer que o lançamento ocorreu de um modo mais avançado do que os anteriores.”
No último teste anterior do Taepodong-2, em julho de 2006, o foguete se esfacelou com 40 segundos de voo. Ele foi projetado para voar cerca de 6.700 quilômetros, o suficiente para atingir o Alasca.
Kawamura reiterou a posição japonesa em prol de novas medidas do Conselho de Segurança contra a Coreia do Norte.
Diplomatas dizem que China e Rússia provavelmente aceitariam um alerta do Conselho para que Pyongyang cumpra as resoluções em vigor e volte às negociações pluripartites para o fim do seu programa de armas nucleares, em troca de benefícios políticos e econômicos.
Mas Moscou e Pequim, com poder de veto no Conselho, provavelmente barrariam novas punições ao regime norte-coreano. Tóquio e Washington gostariam de ampliar as sanções financeiras atuais.
“Houve conversas informais entre membros permanentes do Conselho de Segurança e o Japão, mas ouvimos que a posição da China é firme”, disse Kawamura. “Nosso governo continua a trabalhar com os Estados Unidos para negociar, com vistas a uma nova resolução.”
Analistas dizem que o lançamento demonstrou que a Coreia do Norte aumentou o alcance dos seus mísseis, mas que o país ainda está a anos de construir um foguete que possa ameaçar os Estados Unidos.
“A Coreia do Norte fez avanços tecnológicos, a despeito do sucesso ou fracasso do lançamento”, disse Rim Chun-taek, professor de Engenharia Aeroespacial do Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia, de Seul.