Brasil vai formar força de paz na África
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O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou nesta terça-feira no Rio de Janeiro, que o Brasil pretende capacitar militares africanos para atuarem em missões de paz no continente, coordenadas pela União Africana.
Jobim explicou que serão enviados militares brasileiros para Moçambique e São Tomé e Príncipe e que militares africanos também participarão de treinamento no Brasil.
“O Brasil não comparecerá à África para dizer o que os africanos devem fazer. O Brasil vai ajudar naquilo que os africanos precisam e desejam fazer”, explicou o ministro.
Ele revelou ainda que o país poderá enviar tropas de paz para Guiné-Bissau se for chamado pelas Nações Unidas. O ministro esteve naquele país em março, logo após os assassinatos do presidente João Bernardo Nino Vieira e do chefe do Estado-Maior Tagmé Na Waié.
Na sua avaliação, o Brasil possui indústria e expertise para atuar em missões dessa natureza.
“O Brasil não faz operação para impor a paz, mas de manutenção da paz. Fazer a paz era a doutrina Bush, de intervir na política interna de outro país. Isso o Brasil não faz. Se a ONU decidir que há necessidade, o Brasil está disposto a participar”, destacou.
De acordo com Jobim, "com Moçambique, vamos trabalhar em conjunto na criação de uma força de paz para a União Africana. A ideia é enviarmos oficiais brasileiros e sargentos para treinar, desde logo, os soldados lá existentes em operações de paz".
O ministro adiantou que o Brasil pretende trabalhar não apenas com Moçambique e São Tomé e Príncipe, mas no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Em maio, ele estará em Luanda, Angola, para a cúpula de ministros da Defesa da CPLP. Na oportunidade, pretende visitar Namíbia, Nigéria e Argélia.
Brasil oferece aviões militares a Moçambique
Em março, o ministro esteve em Moçambique e ofereceu aviões P-27 à Força Aérea moçambicana.
"Vamos providenciar a transferência do P-27, um avião utilizado no Brasil para treinamento militar. Estamos fazendo uma mudança na Força Aérea Brasileira, estamos substituindo os P-27 pelos Super Tucanos. Com isso, queremos ver quais os aviões que podemos mandar para Moçambique”, afirmou.
A doação desses aviões terá de passar ainda pelo Congresso Nacional.
Este mês, um grupo de oficiais brasileiros chegará a Maputo para dar início a implantação de uma unidade de operação de paz no Exército de Moçambique, composta por 700 homens, que deverão integrar o contingente de paz na África.