Impasse sobre a divulgação de dados marca primeiro encontro do Conselho de Defesa Sul-Americano
CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA
ENVIADO ESPECIAL A SANTIAGO DO CHILE
Na primeira reunião do CDS (Conselho de Defesa Sul-Americano), hoje, em Santiago, ministros de 12 países da região tentarão superar novo impasse: dar ou não mais transparência aos gastos militares?
A iniciativa faz parte de um dos quatro eixos do chamado Plano de Ação 2009, debatido ontem na capital chilena em reunião preparatória de vice-ministros e que integra a minuta da declaração final do encontro, obtida pela Folha.
Espera-se criar uma espécie de banco de dados com as despesas de cada país e indicadores econômicos do setor. Esses dados seriam catalogados para análise e proposição de novas políticas de defesa, a cargo de um Centro Sul-Americano de Estudos Estratégicos de Defesa a ser erguido em Buenos Aires.
O intercâmbio de informações é compreendido como fundamental para estabelecer um clima de confiança. Também evitaria as habituais especulações que surgem sempre que há uma nova compra de armamentos e veículos militares.
Segundo a Folha apurou, a proposta foi feita pela Argentina e acolhida com ressalvas, inclusive pelo Brasil. A percepção é de que informações estratégicas não devem ser difundidas. E, uma vez criado o banco de dados, não significa que os governos vão detalhar os gastos a ponto de revelar a quantidade de determinado míssil adquirido ou a disponibilidade de fragatas, tanques e caças.
É sob esse mesmo argumento que os governos repassam dados genéricos de gastos e investimentos militares às Nações Unidas e à Organização dos Estados Americanos.
Nessa primeira reunião do Conselho de Defesa da Unasul, prevalece a desconfiança, intensificada pelas declarações recentes do ministro da Defesa colombiano, Juan Manuel Santos. Na semana passada, Santos voltou a defender ações de "legítima defesa" contra a guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) além das fronteiras do país.
O gesto de Santos pode jogar por terra todo o esforço diplomático para pôr fim à crise entre Colômbia e Equador. Em fevereiro de 2008, um bombardeio colombiano em território equatoriano matou o número dois das Farc, Raul Reyes.
Quito rompeu relações com Bogotá e, desde então, os vizinhos tentam ajudar ambos os governos a liquidar o assunto. A rixa entre os dois países está na origem da própria criação do Conselho de Defesa.
Outro ponto ainda mal resolvido na reunião preparatória foi a exigência da Venezuela de se discutir "enfoques conceituais" para a defesa. Para o governo de Hugo Chávez, as forças armadas da região devem compartilhar dos mesmos princípios ideológicos, ou não haverá uma aliança verdadeira.
CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA
ENVIADO ESPECIAL A SANTIAGO DO CHILE
Na primeira reunião do CDS (Conselho de Defesa Sul-Americano), hoje, em Santiago, ministros de 12 países da região tentarão superar novo impasse: dar ou não mais transparência aos gastos militares?
A iniciativa faz parte de um dos quatro eixos do chamado Plano de Ação 2009, debatido ontem na capital chilena em reunião preparatória de vice-ministros e que integra a minuta da declaração final do encontro, obtida pela Folha.
Espera-se criar uma espécie de banco de dados com as despesas de cada país e indicadores econômicos do setor. Esses dados seriam catalogados para análise e proposição de novas políticas de defesa, a cargo de um Centro Sul-Americano de Estudos Estratégicos de Defesa a ser erguido em Buenos Aires.
O intercâmbio de informações é compreendido como fundamental para estabelecer um clima de confiança. Também evitaria as habituais especulações que surgem sempre que há uma nova compra de armamentos e veículos militares.
Segundo a Folha apurou, a proposta foi feita pela Argentina e acolhida com ressalvas, inclusive pelo Brasil. A percepção é de que informações estratégicas não devem ser difundidas. E, uma vez criado o banco de dados, não significa que os governos vão detalhar os gastos a ponto de revelar a quantidade de determinado míssil adquirido ou a disponibilidade de fragatas, tanques e caças.
É sob esse mesmo argumento que os governos repassam dados genéricos de gastos e investimentos militares às Nações Unidas e à Organização dos Estados Americanos.
Nessa primeira reunião do Conselho de Defesa da Unasul, prevalece a desconfiança, intensificada pelas declarações recentes do ministro da Defesa colombiano, Juan Manuel Santos. Na semana passada, Santos voltou a defender ações de "legítima defesa" contra a guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) além das fronteiras do país.
O gesto de Santos pode jogar por terra todo o esforço diplomático para pôr fim à crise entre Colômbia e Equador. Em fevereiro de 2008, um bombardeio colombiano em território equatoriano matou o número dois das Farc, Raul Reyes.
Quito rompeu relações com Bogotá e, desde então, os vizinhos tentam ajudar ambos os governos a liquidar o assunto. A rixa entre os dois países está na origem da própria criação do Conselho de Defesa.
Outro ponto ainda mal resolvido na reunião preparatória foi a exigência da Venezuela de se discutir "enfoques conceituais" para a defesa. Para o governo de Hugo Chávez, as forças armadas da região devem compartilhar dos mesmos princípios ideológicos, ou não haverá uma aliança verdadeira.
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