Plano estratégico das Forças Armadas amplia papel e oportunidades para mulheres nos quartéis
BRASÍLIA - A porção mulher das Forças Armadas completa 28 anos este ano com novidades: elas vão ocupar mais espaço nas atividades de combate. Aos poucos vão trocar a farda de passeio, saltinho e o trabalho burocrático pelo uniforme camuflado, coturnos, fuzis e mochilas pesadas para encarar longas marchas pela selva e a distância da família.
Tamanha responsabilidade não assusta. Pelo contrário: tem atraído a cada ano mais moças. É o caso de Daniela Furtado Silva, 17 anos, que mora em Nova Iguaçu e dedica diariamente quatro de estudo para ingressar na Escola de Especialistas de Aeronáutica, no posto de sargento.
“Sempre sonhei ser militar. Antes queria trabalhar na Marinha, mas mudei de idéia com meu namorado, que passou na primeira fase do concurso para Informática na FAB”, contou.
Daniela se diz animada com a carreira e com o treinamento de combate que será ministrado para mulheres. “Tem quem não goste, mas eu, mesmo optando pela área administrativa, quero fazer. O treinamento pode ser um atrativo para que mais mulheres entrem para as Forças Armadas”, diz a moça, que garante que não perderá a vaidade: “A farda mostra a beleza real da mulher, já que as militares não podem usar muita maquiagem”.
Parte do Plano Estratégico Nacional de Defesa adianta que dentro dos próximos anos as atribuições das moças devem aumentar. O texto determina três ordens de meios e de habilitações para elas: atuação em rede (trabalho em combinado com as três Forças); conhecimento e habilidade para usar meios de mobilidade terrestres e aquáticos e capacitação para o combate. A idéia é que elas recebam treinamento focado na flexibilidade, adaptabilidade, audácia e surpresa no campo de batalha.
Oficial da FAB destaca a igualdade de tratamento e remuneração como outro atrativo. A carreira militar é a única em que homens e mulheres ganham da mesma forma dentro do posto ou graduação.
Principal empresa de transporte de combustíveis do Brasil, a Transpetro, da Petrobras, também tem ampliado seu quadro de funcionárias. Até 2002, continha apenas quatro mulheres. Seis anos depois, o percentual de mulheres a bordo de seus navios aumentava 220% (95 funcionárias). Há expectativa que a empresa nomeie nos próximos dias a primeira comandante de navio no País.
ENTREVISTA - CAPITÃO JANAÍNA SILVESTRE SILVA "SÃO MUITOS OS DESAFIOS’
Com paixão contagiante por seu trabalho, a capitão-de-corveta Janaína Silvestre da Silva entrou para a Marinha como estagiária. Em 2007, ela se deparou com o maior desafio de sua a carreira: ser a primeira militar a ocupar o cargo de subchefe da Estação Antártica Comandante Ferraz. Disputou a missão com outros 14 oficiais, todos homens, e foi a vencedora.
A senhora sofreu algum tipo de preconceito dentro da Força por ser mulher?
Não, absolutamente. Em todos os locais onde trabalhei, sempre encontrei um clima amistoso, de grande respeito e companheirismo.
Qual foi seu maior desafio dentro da Marinha?
Sem dúvida nenhuma, o maior de todos foi ter sido a primeira mulher militar a ocupar o cargo de subchefe da Estação Antártica Comandante Ferraz, nosso pedacinho brasileiro no continente gelado, lá permanecendo por um ano, em 2007. O processo seletivo dura quase oito meses. São considerados aspectos da carreira, além de extensa bateria de exames médicos e psicológicos, provas situacionais, treinamentos ao ar livre. Todas as etapas são eliminatórias e foram bastante difíceis. Concorri com outros 14 oficiais, todos homens. Quando saiu o resultado final e recebi a notícia de que havia sido a escolhida, foi um dos momentos mais felizes de toda a minha vida.
Que dica a senhora dá para as moças que querem seguir seus passos ?
A Marinha do Brasil possibilita às mulheres excelente oportunidade de desenvolverem uma carreira instigante, de muitos desafios e descobertas. Em contrapartida, exige muita dedicação e disciplina.
Minha dica é que busquem o máximo possível de informações sobre a rotina na caserna, as peculiaridades da vida militar, as atividades técnicas que poderão ser desenvolvidas e que considerem também a possibilidade de servir em qualquer lugar do País. Reunidas essas informações e se for esta a escolha profissional, que se lancem com afinco no concurso para ingresso, realizado em âmbito nacional anualmente, e que tenham muito sucesso!
Prontas para lutar pelo País
0
Tags: