O Poder Naval Online e a Alide estiveram hoje pela manhã a bordo da fragata de defesa aérea Forbin, de 6 mil toneladas, da Marinha Nacional da França. O navio está atracado desde o dia 25 no Armazém 8, do cais do Porto do Rio de Janeiro.
Fomos recebidos pelo comandante do navio, capitaine de vaisseau BALDUCCHI, que concedeu entrevista exclusiva e nos apresentou o Centro de Operações de Combate e o passadiço da Forbin.
No dia 3 de março, a novíssima fragata de defesa aérea deixou sua base em Toulon para uma travessia de longa duração (TLD). A missão de cerca de três meses trouxe o primeiro navio de projeto franco-italiano para este lado do Oceano Atlântico. Após uma escala no Marrocos e no Brasil, o navio segue para o Caribe, Estados Unidos e Canadá, a fim de verificar os sistemas do navio em clima frio. A visita da Forbin ao Brasil faz parte da programação envolvendo a Aliança Estratégica Brasil-França e permitiu aos oficiais brasileiros conhecerem as tecnologias presentes nas FREMM, que estão sendo oferecidas à Marinha do Brasil, para substituição de suas escoltas.
Após dois anos de provas de mar, segundo os processos de controle industrial, a Forbin está fazendo sua primeira navegação oceânica de duração significativa, para avaliação operacional.
Segundo o capitão Christophe BALDUCCHI, o navio já foi incorporado à Marine Nationale, mas ainda não atingiu a FOC (Full Operational Capacity). As semanas de navegação através de diferentes climas permitirão testar o navio, a fim de verificar a confiabilidade do seu equipamento. A Forbin está embarcando um helicóptero Panther da flottille 36F e deve retornar à França em meados em maio.
Tecnologia voltada para o combate
Não fomos autorizados a fotografar outras áreas internas do navio, mas podemos dizer que a configuração do Centro de Operações de Combate é realmente impressionante, muito parecida com o do Type 45 da Royal Navy, inclusive o formato dos consoles e disposição dos displays. O COC é muito espaçoso, tomando o convés de boreste a bombordo, com displays em número suficiente para o embarque de Comandantes de Força e seu staff.
Se o COC do navio for atingido em combate, um mini-COC que fica na popa do navio entra em ação.
Os consoles do CMS são ligados por dois barramentos separados, um em cada bordo, para garantir o funcionamento em caso de avaria.
Nas palavras do comandante, os navios desta classe têm como missão principal atuar como “torres de controle de vôo no mar” ou “AWACS marítimos”, provendo o controle do espaço aéreo para Forças-Tarefa.
A missão secundária é a proteção de unidades de alto valor, contra aeronaves e mísseis. Para isso, pode detectar, localizar, identificar e possivelmente engajar simultaneamente 12 aviões e mísseis antinavio. A Forbin conta com radar tridimensional de longa distância SM1850, um radar multifunção phased array Empar (capaz de rastrear mais de 300 alvos simultâneamente) e uma suíte de guerra eletrônica, incluindo jammers e chamarizes de nova geração.
Para enfrentar as ameaças aéreas, de superfície e submarinas, o CMS e seus operadores têm à disposição 32 mísseis Aster 30 (cerca de 100 km de alcance), 16 mísseis Aster 15 (alcance de 30 km), dois canhões de 76 mm, 8 mísseis anti-navio MM40 Block III e dois tubos lançadores para torpedos anti-submarino MU-90.
A tecnologia empregada é voltada para o combate, baseada nas lições da guerra das Malvinas e a Guerra Irã-Iraque. Ele é capaz de oferecer proteção contra ataques aéreos maciços, de mísseis supersônicos e aeronaves.
Ao perguntarmos qual era a ordem de grandeza da RCS (Radar Cross Section - Seção Reta Radar) do navio e qual a principal vantagem da tecnologia stealth em combate, o capitão Christophe BALDUCCHI nos respondeu que a RCS é dado classificado, mas que sua grande vantagem é ocultar totalmente o navio quando este lança nuvens de chaff, oferecendo alvos alternativos de maior intensidade para mísseis atacantes. A Forbin também tem baixíssima assinatura infravermelha, pois os gases de exaustão das chaminés são tratados.
A fragata suspende amanhã de manhã do Rio de Janeiro e fará exercícios com um navio e um submarino brasileiro.