Militares recebem instruções de 1939
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Atualmente, o treinamento dos recrutas é dividido em, pelo menos, quatro fases. Os soldados recebem instruções sobre as legislações do Exército, passam por atividades de preparação física, capacitação em áreas que eles possuem habilidade e treinamentos para combate e sobrevivência na selva. De acordo com o oficial de operações do 12º Batalhão de Suprimentos (Besup), o major Odney de Souza, a fase inicial do treinamento, a de conhecimentos de leis e regulamentos, tem a duração de, em média, 12 semanas. "Nessa fase os recrutas são informados do que podem fazer, de como funciona o Exército e todas as regras que devem seguir", explicou.
A fase de preparação dos recrutas para combate e sobrevivência na selva tem a duração de cerca de oito semanas e, segundo o major, depois desse período os recrutas são separados para atuar em segmentos diferenciados nas unidades do órgão. "Geralmente, eles são direcionados a atividades que eles já possuem experiência e detectamos isso no período da seleção", disse. Ao todo, os recrutas recebem um ano de preparação.
De acordo com o major Odney, apesar de a preparação dos recrutas seguirem algumas diretrizes elaboradas no período da Segunda Guerra Mundial, os manuais seguidos sofrem ajustes recorrentes.
"A doutrina do Exército já mudou algumas vezes depois da guerra, mas a essência é a mesma que foi elaborada nesse período", explicou.
O major informou que, antes da Segunda Guerra, o Exército brasileiro adotava normas baseadas em doutrinas do Exército francês. Após a guerra passou a utilizar alguns procedimentos do Exército americano, com alguns ajustes para a realidade dos estados brasileiros. "Essas regras são constantemente revisadas para que sejam aplicadas de acordo com a nossa forma de vida, nossa cultura", disse.
A última modificação feita na legislação utilizada na formação dos recrutas no Amazonas ocorreu há cinco anos. Segundo Odney, sempre que o Comando do Estado Maior faz modificações nos regulamentos utilizados, os documentos são enviados para as unidades.
O treinamento que o Exército destina aos militares vem sendo alvo de críticas pela Associação Nacional de Praças do Exército Brasileiro (Apeb), que, somente no ano passado, recebeu 20 denúncias de maus-tratos envolvendo militares no Amazonas. O Comando Militar da Amazônia (CMA) não reconhece a associação como órgão representativo de militares no País.
Mortes
Desde 2006, quatro militares já morreram durante treinamentos feitos pelo Exército, em Manaus.
Os sargentos Alexsandro de Oliveira Sales, 27, e Antônio Carlos Duarte Angelim, 30, morreram, no dia 16 de julho de 2006, quando faziam um treinamento na piscina do Centro de Instruções de Guerra na Selva (Cigs), no bairro São Jorge, zona Oeste de Manaus.
Já em 2007, o capitão do Exército Anderson Márcio Gomes da Silva, 33 anos, também morreu afogado, durante um treinamento do Curso de Operações de Selva, no Lago do Puraquequara, zona Leste de Manaus. Um primeiro tenente do Exército, que conduzia as atividades do treinamento na época foi condenado por homicídio culposo, sem intenção de matar.
Recrutas recebem preparação de sobrevivencia
Durante o período de preparação física, de sobrevivência na selva e para combates, os recrutas fazem exercícios físicos por, pelo menos, duas horas ao dia, para que eles possam aguentar a carga que devem transportar no período em que ficam no acampamento, de acordo com o oficial de operações do 12º Batalhão de Suprimentos (Besup), o major Odney de Souza.
Os recrutas recebem ainda instruções para se adequarem ao clima da selva, conseguirem alimentos, água e fogo e ainda são orientados a fazer marchas, convivência em grupo no Exército e a utilização de armamentos. "Depois eles irão trabalhar o grupo que ficam inseridos, dividir quem vai fazer parte do combate, os que cuidarão da segurança e do transporte do material", relatou o major. O acampamento é feito em uma unidade do exército no quilômetro 54, da AM-010, que liga Manaus a Itacoatiara.
O recruta João Felipe da Silva, 18, que participou de uma formação na sede do 12º Besup, na Compensa, na última sexta-feira, disse que está com receio do treinamento que será submetido neste ano. "Sei que é muito intenso e precisarei me adequar às normas", afirmou.
Neste ano,o treinamento do Exército iniciará nesta semana,nas unidades e deve seguir até o final
do ano.
De acordo com o major, somente 20% dos recrutas não se apresentam voluntariamente. "A maioria deles querem realmente servir, dificilmente pegamos os que não querem", explicou. A remuneração para os recrutas durante o período de treinamento é de um salário mínimo, R$ 415.
ESTATÍSTICAS
Veja os números de recrutas do Exército na região
- 30% dos recrutas que passam pela formação do exército seguem carreira como soldados.
- 2.933 foi o número de recrutas selecionados pela 12ª Região Militar, que compreende o Amazonas, Roraima, Acre e Rondônia.
- 58 mil foram liberados do serviço militar nos estados que compreendem a 12º Região Militar.
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