Coreia do Norte pronta para guerra
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Após colocar 1,2 milhão de soldados em estado de alerta, país corta comunicação com vizinho Depois de colocar 1,2 milhão de soldados em estado de alerta, a Coreia do Norte cortou a última linha de comunicação intercoreana em um protesto contra os exercícios militares conjuntos dos Estados Unidos e Coreia do Sul. Pyongyang ameaçou ainda entrar em guerra caso haja a interceptação do satélite que pretende lançar – e que Seul e Washington dizem ser um disfarce para o lançamento de um míssil de longo alcance.
Como medida de represália pelas manobras, Pyongyang impediu a entrada de mais de 700 sulcoreanos em um complexo industrial na cidade de fronteira norte-coreana de Kaesong, símbolo da associação entre os dois países. O regime norte-coreano já havia advertido na semana passada que não poderia garantir a segurança dos voos sul-coreanos sobre seu espaço aéreo por causa dos exercícios militares na Coreia do Sul.
"Não faz sentido manter um canal de comunicações normal em uma época que as marionetes sul-coreanas estão frenéticas fazendo exercícios de guerra, testando armas com forças estrangeiras", disse um porta-voz do Comando Geral do Exército do Povo da Coreia, em comunicado divulgado pela agência de notícias estatal.
A linha de fax e telefone cortada, que conectava diretamente os dois países, era a última linha de comunicação entre as duas nações vizinhas que havia restado após as medidas de protesto da Coreia do Norte contra o governo de linha-dura do presidente sul-coreano, Lee Myung-bak, que assumiu há um ano e vinculou a ajuda financeira a Pyongyang à desnuclearização do país. O canal de comunicação militar é usado normalmente entre os comandantes em momentos de emergência, mas é normalmente utilizado, segundo o Korea Herald, por oficiais dos dois países para alertar sobre visitas.
Causa do conflito
A Coreia do Sul e os EUA iniciaram ontem os exercícios anuais conjuntos, que devem durar 12 dias e mobilizarão 26 mil militares americanos, mais de 30 mil sul-coreanos e um avião de potência nuclear. As tropas da Marinha americana conduzirão exercícios de tiro ao norte de Seul e a uma hora apenas da fronteira entre os dois países.
O comandante das Forças Combinadas da Coreia do Sul e Estados Unidos (CFC, na sigla em inglês) reiterou contudo que os exercícios militares são apenas defensivos. Pyongyang acusa reiteradamente os EUA e Seul de ter intenções militares contra o país com os exercícios militares, realizados anualmente, mas o tom das críticas deste ano foi mais duro e militarista.
O governo norte-coreano afirmou que os exercícios são uma provocação que aconteceria apenas na véspera de uma guerra.
O governo do ditador Kim Jong-il já havia ameaçado entrar em guerra com o país vizinho, caso Seul ou os EUA interceptem o satélite que pretende lançar em breve. Em um comunicado lido na televisão estatal, um militar alertou que qualquer tentativa de derrubar o aparelho será visto como ato bélico. A tensão é agravada pelo fato de que, para lançar o satélite, Pyongyang prepara o lançamento do míssil Taepodong-2. O governo diz que o lançamento faz parte do envio de um satélite para o desenvolvimento da comunicação do país, embora os EUA acuse o governo norte-coreano de ter intenções militares.
"Nós retaliaremos qualquer ação para interceptar nosso satélite que tem objetivos pacíficos com ataques imediatos usando os meios militares mais poderosos", alertou Pyongyang, em comunicado.
"Ataques contra nosso satélite que tem objetivos pacíficos significará, precisamente, guerra."
As tensões na região aumentaram desde que Lee Myung-bak assumiu como presidente da Coreia do Sul, há cerca de um ano, e endureceu a relação com o vizinho do norte. Lee restringiu a crucial ajuda financeira à vizinha empobrecida na expectativa que Pyongyang permita maior vigilância externa à desnuclearização – um dos principais impasses ao avanço do processo. Em resposta, Pyongyang cancelou uma série de acordos bilaterais.