Orçamento de Obama para Defesa prevê US$ 664 bilhões, reforma na compra de aparato bélico e corte de gastos extras
Gilberto Scofield Jr.
Correspondente
WASHINGTON. O custo da guerra americana no Iraque e no Afeganistão será de mais de US$ 205 bilhões até o fim de 2010. No orçamento divulgado ontem pelo presidente Barack Obama, a Casa Branca estabelece que US$ 130 bilhões serão gastos com as estratégias militares nos dois países a partir de outubro, quando começa o ano fiscal de 2010. É a primeira vez que o custo das duas guerras é explicitado no orçamento. Mas, assim como no governo George W. Bush, Obama solicitou ao Congresso uma verba extraordinária de US$ 75,5 bilhões para os gastos no Iraque e Afeganistão até setembro, quando termina o ano fiscal.
Caixões de soldados mortos poderão ser fotografados
A despesa militar não leva em consideração os US$ 533,7 bilhões previstos para manter o gigantesco Departamento de Defesa, numa alta de 4% em relação ao ano passado. Apesar do valor total de US$ 664 bilhões para o Pentágono gastar até 2010 — equiparável aos US$ 700 bilhões gastos até agora para salvar os bancos da insolvência —, a ordem de Obama é gastar com eficiência e estratégia.
Em outras palavras, Obama quer acabar com anos de gastos extras e atrasos no programa de armas estabelecendo uma enorme reforma na maneira como o departamento compra aparato bélico. Por questões estratégicas, não há detalhes sobre quais programas serão encerrados, encolhidos ou ampliados, mas a prioridade é a expansão da base de equipamentos de ponta, cuja pesquisa possa ser ampliada para uso civil, como programas de satélite e radares inteligentes.
“O governo vai fixar metas realistas e incorporar boas práticas de gerência de modo a evitar que os programas avancem de um ciclo de aquisição para outro sem que as pesquisas e testes tenham amadurecido o produto, para reduzir riscos e custos futuros”, diz o trecho do orçamento da Defesa, sugerindo a adoção de princípios de gerência de criação de produtos.
Segundo o senador Carl Levin, chefe da Comissão de Serviços Militares do Senado, os 95 maiores programas de aquisição de armas de ponta estão dois anos atrasados e sua execução impôs ao governo gastos extraordinários de mais de US$ 300 bilhões no mesmo período.
O debate é relevante num momento em que o presidente Obama se prepara para anunciar hoje o cronograma de retirada das tropas do Iraque. O prazo, antes estabelecido em 16 meses para que os 142 mil soldados voltassem até 2010, foi ampliado para 19 meses. E a razão é que Obama decidiu manter parte do efetivo até encerradas as eleições parlamentares iraquianas, em dezembro deste ano.
Durante a campanha, Obama deixou claro que manteria no país tropas encarregadas de treinamento, contraterrorismo e segurança capazes de fazer o governo iraquiano cuidar da segurança.
Mesmo após agosto de 2010, 50 mil americanos continuarão no Iraque, já rebatizados de “Brigadas de Assessoria em Treinamento” e “Brigadas de Assessoria em Assistência”.
O secretário de Defesa, Robert Gates, anunciou que permitirá que a imprensa fotografe caixões de soldados mortos no exterior, quando forem repatriados aos EUA, desde que as famílias permitam. A proibição fora estabelecida em 1991 pelo então presidente George Bush pai.
Afeganistão e Iraque custarão mais US$ 205 bi
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