Em coletiva à imprensa durante a Aero India, o diretor-geral da Sukhoi, Mikkhail Pogosyan, admitiu que a China tem produzido uma versão “pirata” do Sukhoi Su-27SK, o J-11B, violando acordos de propriedade intelectual. Após muitos anos adiando essa declaração oficial, devido às diversas negociações de armamento em jogo entre os dois países, revelou-se que o assunto foi objeto de discussões de alto nível no final do ano passado. Em dezembro, Pogosyan e o Ministro da Defesa russo Anatoly Serdyukov pressionaram as autoridades chinesas em Pequim, na décima-terceira reunião da comissão sino-russa de cooperação técnica e militar, e teriam conseguido que os chineses concordassem em frear a cópia ilegal de equipamentos militares russos, de modo a assegurar a proteção aos direitos intelectuais. O ponto principal, para Pogosyan, é que essa questão poderá ser tratada de forma mais precisa e transparente nas próximas discussões.
O que teria levado as duas partes a caminharem, aparentemente, na direção de um acordo? Por um lado, o principal temor da Rússia é que a China produza versões baratas de exportação do Su-27. Por outro, a China teme que a Rússia cancele a venda de armas importantes como o Su-33, o que acarretaria problemas nos planos chineses relativos a sua aviação embarcada. Além disso, se o Paquistão comprasse os J-11B de exportação, isso desagradaria a Índia, um parceiro de longa data da Rússia e que produz localmente outra versão da família Sukhoi, o Su-30 MKI. Resta saber como os interesses de cada país em relação a esse assunto serão atendidos nas próximas discussões e negociações a respeito.
Entenda a questão Su-27SK / J-11B:
Em 1995 a China garantiu um acordo para produzir 200 aeronaves Su-27SK sob licença, sob a denominação J-11A. Pelo acordo, os aviões seriam equipados com radares, aviônicos e motores fornecidos exclusivamente pela Rússia. Mas o acordo foi cancelado pelos russos em 2006 após a produção do 95º avião, quando descobriu-se que a China estava desenvolvendo uma versão local denominada J-11B, equipada com aviônica e sistemas chineses. Desde então, a questão da propriedade intelectual relativa ao caça vem sendo um problema entre os dois países. A China teria produzido seis J-11B para testes e a maior dificuldade vem sendo desenvolver localmente um motor para a aeronave. Apesar de um J-11A ter recebido uma turbina chinesa Tai Hang WS10A, os J-11Bs construídos ainda dependem das turbinas russas AL-31F.