O guarda-chuva nuclear da Europa
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Marcelo Rech
A proliferação de armas nucleares constitui uma das principais ameaças à segurança e a paz no mundo contemporâneo e a prevenção destas ameaças é um dos desafios mais importante que se impõe à comunidade internacional.
Os Estados Unidos e a União Européia, por exemplo, têm o tema entre suas principais prioridades e os focos de maior tensão estão no Irã e na Coréia do Norte.
Neste sentido, como compreender a presença do guarda-chuva nuclear na Europa, ou seja, o armazenamento e planejamento do uso de armas nucleares norte-americanas no continente?
As armas nucleares dos Estados Unidos armazenadas no Reino Unido, Alemanha, Bélgica, Itália, Holanda e Turquia permanecem sob o seu controle político e militar.
Por outro lado, cerca de 180 dessas armas e 36% do estoque podem ser utilizadas por cinco países membros da OTAN (Alemanha, Bélgica, Holanda, Itália e Turquia), que não têm as suas próprias armas nucleares.
Fica difícil compreender onde os Estados Unidos atuam para a não proliferação de armas nucleares.
De acordo com o acordo relativo à assistência militar mútua coletiva dos Estados-Membros, o provimento de armas nucleares está baseada na necessidade de reforçar e manter a segurança internacional e a "solidariedade transatlântica".
Uma declaração do grupo de planejamento nuclear da aliança, de junho de 2007, estabelece uma missão da OTAN/norte-americana quanto a armas nucleares táticas na Europa "para prever as necessidades de dissuasão nuclear no século XXI".
Por essa razão, aeronaves F-16 (na Bélgica, nos Países Baixos e na Turquia) e PA-200 Tornado (na Alemanha e Itália) estão permanentemente atualizadas.
Estas aeronaves podem utilizar muitos aeródromos dos Estados-Membros da OTAN, incluindo a Polônia e os países bálticos. Aviões da OTAN também podem ser equipados para transportar bombas nucleares aéreas.
O potencial de armas nucleares norte-americanas estocadas na Europa está diretamente ligado às armas ofensivas estratégicas dos Estados Unidos e dos novos elementos do sistema ABM a ser implantado na Polônia e República Checa.
Além disso, trata-se de uma grosseira violação do Tratado de Não-Proliferação, que impede os Estados dotados de armas nucleares de transferirem essas armas àqueles que não a possuem.
Os signatários do Tratado se opõem a proliferação de armas nucleares a nível mundial e, neste contexto, colocam em xeque Irã e Coréia do Norte. Por outro lado, permitem o armazenamento de bombas em seu território preparadas para serem utilizadas.
O guarda-chuva nuclear na Europa revela mais uma vez a perigosa política de dois pesos e duas medidas adotada pelos Estados Unidos e seus aliados da OTAN, constituindo-se numa grave ameaça para a Europa.
Marcelo Rech é jornalista, editor do InfoRel e especialista em Relações Internacionais e Estratégias e Políticas de Defesa.
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