As Forças Armadas de Israel atacaram o sul da faixa de Gaza no 11º dia da ofensiva contra o Hamas, grupo que controla o território palestino. Apoiados por helicópteros de combate, tanques abriram fogo contra supostos alvos terroristas em Khan Yunes, a maior cidade do sul de Gaza e conhecido reduto do Hamas.
O Exército israelense não confirmou qualquer ofensiva contra a região. A incursão no bairro de Abasan al-Kabira, zona leste de Khan Yunes, pode ser a primeira das forças israelenses na cidade.
Nesta segunda-feira (5), Israel ampliou a ação na faixa intensificando o cerco à Cidade de Gaza na fase de guerrilha urbana do confronto, iniciado no último dia 27 com bombardeios em resposta ao lançamento de mísseis caseiros por militantes do Hamas.
Tropas israelenses entraram em confronto com militantes palestinos no final da noite desta segunda-feira nos subúrbios da Cidade de Gaza. O Hamas e Jihad Islâmica afirmaram que seus militantes enfrentaram os soldados israelenses com metralhadoras e lançadores de foguetes.
Ontem, três soldados israelenses morreram e ao menos 24 ficaram feridos em Gaza devido ao ataque equivocado de um tanque de Israel contra um edifício tomado dos palestinos em Gaza. A confirmação foi revelada na noite desta segunda-feira pelo Exército israelense.
Com a confirmação das mortes nesta segunda, chega a oito o número de mortos do lado de Israel --quatro soldados e quatro civis. Desde o início da ofensiva, ao menos 550 palestinos foram mortos e cerca de 2.500 foram feridos nos ataques israelenses.
Fim do conflito
Nesta segunda, o ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, disse "já ter atingido o Hamas, mas que ainda falta muito para o fim da guerra".
A ministra israelense das Relações Exteriores, Tzipi Livni, jogou um balde de água fria nos partidários do fim iminente das hostilidades, ao afirmar que Israel está determinado a cumprir as metas de sua campanha na faixa de Gaza. O objetivo declarado é acabar com os disparos de foguetes contra o sul de Israel.
"Combatemos o terrorismo, e não concluiremos um acordo com terroristas", avisou, referindo-se ao Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde junho de 2007. Na véspera, o primeiro-ministro, Ehud Olmert, também se recusara a pôr um fim à ofensiva.
Em resposta, o braço armado do Hamas defendeu que ainda guardam surpresas para as forças israelenses. Por meio de nota, o grupo islâmico citou um arsenal de mísseis antitanque B-29 e um novo tipo de foguete para ser usado contra os israelenses.
O líder do Hamas, Mahmoud al Zahar, disse que o "movimento armado irá mostrar performances ainda melhores contra o inimigo [Israel] e que é invencível". "Nós vamos derrotá-los, se Deus quiser", disse.
Cessar-fogo
O presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, apresentará nesta terça-feira um projeto ao Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) no qual pede a Israel para colocar fim à ofensiva em Gaza e exige a declaração de um cessar-fogo permanente.
A situação humanitária continua piorando na faixa de Gaza, onde se amontoam 1,5 milhão de pessoas. A maioria dos habitantes sofre com a escassez de água e comida e com os cortes de eletricidade.
O Alto Comissário da ONU para os Refugiados, Antonio Gutierres, pediu a abertura das fronteiras para permitir a fuga dos moradores. "A situação está muito difícil. Tememos pela vida de nossos filhos. Todos nossos vizinhos já deixaram suas casas", declarou Abu Jamal Khalifa, morador do bairro Al-Zeitun.
Segundo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, a "situação é extremamente perigosa e a coordenação do envio de ambulâncias está muito complexa devido aos ataques e as operações militares sem interrupção. Alguns feridos estão morrendo enquanto esperam a chegada do socorro do Crescente Vermelho".
Com agências internacionais