DA REDAÇÃO
A Human Rights Watch acusou ontem o Exército israelense de usar munição de fósforo branco, um composto químico incendiário, em áreas densamente povoadas, incluindo um campo de refugiados lotado. O procedimento fere a convenção de Genebra de 1980, que proíbe o uso do material entre civis.Pesquisadores da HRW contam ter testemunhado, nas tardes de sexta-feira e da sábado, várias horas de ataques da artilharia vindos de solo israelense nos quais as cápsulas explodiam sobre o campo de refugiados de Jabaliya (norte de Gaza), deixando um rastro de fumaça sugestivo da presença de fósforo branco.
Segundo a HRW, não foi possível investigar se alguém foi ferido em solo pela substância porque seus pesquisadores foram proibidos por Israel de entrar no território.
No hospital de Khan Younis, no sul da Gaza, repórteres da Associated Press viram vários pacientes com queimaduras graves, possivelmente provocadas pelo fósforo branco, segundo o médico responsável, Youssef Abu Rish. Ele ressalvou, porém, não ter condições materiais e técnicas de determinar com certeza que substância provocou os ferimentos.
O médico norueguês Mads Gilbert, que trabalhou em Gaza, disse que os israelenses estão usando um novo tipo de explosivos, de tungstênio, com enorme poder de explosão. Ele acredita que o armamento terá "efeito cancerígeno nos que sobreviverem". "Tudo o que está acontecendo em Gaza é contra a lei internacional", disse.
A porta-voz das Forças Armadas israelenses, major Avital Leibovich, recusou-se a dizer se Israel está ou não usando o fósforo branco, mas insistiu que a munição usada está "em concordância com a lei internacional". Relatórios independentes indicam que o país usou o composto na ofensiva contra o Hizbollah do Líbano, em 2006.
Israel não é signatário da convenção que regula o uso da substância. Pelo direito consuetudinário de guerra, porém, deve tomar todas as precauções viáveis para minimizar seu impacto em civis, disse a HRW.
Com agências internacionais