O Exército de Israel aumentou neste domingo (11) seus bombardeios aéreos e de unidades de artilharia em um dos dias mais sangrentos de sua ofensiva militar na Faixa de Gaza. O número de mortos aumentou para 901 e o de feridos para 3.695.
Um dos ataques áereos, inclusive, acabou causando feridos além da Faixa de Gaza. Três policiais e duas crianças foram atingidos, já dentro do território do Egito, por estilhaços de mísseis disparados pelos israelenses.
Em Gaza, segundo o chefe do serviço de emergências em Gaza, Muawiya Hassanein, 38 pessoas morreram e pelo menos 80 ficaram feridas por causa dos ataques que as forças israelenses realizaram neste dia.
Hassanein afirmou que se trata de um dos dias "mais sangrentos" em 16 dias de ofensiva israelense.
O bairro de Sheikh Aylin, na periferia da cidade de Gaza, foi cenário esta manhã de um encarniçado combate terrestre, quando milicianos do Hamas e de outros grupos armados enfrentaram soldados israelenses que penetraram na área.
Após a retirada de soldados israelenses, que receberam o apoio de uma coluna de veículos blindados, as ambulâncias recolheram das ruas os corpos de 12 combatentes palestinos.
Seis civis morreram no bombardeio de suas casas em Beit Lahia, no norte de Gaza, e mais seis perderam a vida em diferentes ataques em outros pontos de Gaza.
Testemunhas disseram que entre as vítimas do bairro de Tal el-Hawa há duas crianças.
Outros cinco civis morreram após suas casas serem atingidas por tiros de tanques em Jabalia, no norte do território.
A aviação israelense começou suas operações com bombardeios aéreos contra cerca de 60 alvos, entre os quais estava uma mesquita da localidade de Rafah, no sul de Gaza, que segundo o Exército de Israel era usada pelos grupos armados como arsenal.
A região foi novamente bombardeada durante a tarde para destruir túneis que ligam Gaza ao Egito e que são usados por grupos armados para o transporte de armas, munição e foguetes.
Também foi bombardeada a casa de Ahmed Yabri, chefe do braço armado do Hamas - as Brigadas de Ezedin al-Qassam -, que como os outros líderes do movimento islâmico passaram para a clandestinidade quando começou a ofensiva israelense.
Outros alvos foram as sedes dos ministérios da Cultura e de Assuntos para as Mulheres, que acabaram destruídos.
O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, ordenou na manhã deste domingo que prossiga a ofensiva e afirmou que "se aproximam" os "objetivos" que seu país estabeleceu em Gaza.
"Israel está chegando perto de seus objetivos, mas é preciso ter mais paciência e determinação para alcançá-los num nível que realmente mude a realidade da segurança no sul e permita que nossos cidadãos vivam com estabilidade por um longo período", disse Olmert ao dar início a uma reunião de gabinete em Jerusalém.
A respeito da resolução da ONU pedindo um cessar-fogo imediato, ele afirmou que apenas Israel pode decidir sobre a melhor maneira de proteger seus cidadãos.
Médicos palestinos disseram que ao menos quatro palestinos foram mortos e dezenas ficaram feridos na manhã deste domingo. Segundo agências, o Hamas e seus aliados lançaram três foguetes em Israel, sem causar danos ou feridos.
Neste sábado, a Força Aérea israelense anunciou a morte do comandante do Hamas responsável pelo lançamento de foguetes na direção de Israel, Amir Mansi. Segundo Israel, Mansi apontou e atirou dezenas de foguetes na direção de Israel, matando e ferindo civis.
Aviso
A força aérea israelense lançou neste sábado milhares de panfletos na cidade de Gaza avisando que intensificaria suas operações no território palestino. "O Exército intensificará suas operações contra os túneis, os arsenais e os terroristas em toda a Faixa de Gaza", diz o texto, escrito em árabe.
"Para a segurança de vocês e a segurança de suas famílias, pedimos que não se aproximem dos terroristas, dos arsenais e das armas", acrescenta.
A mesma mensagem foi enviada aos telefones celulares dos habitantes de Gaza. O Exército confirmou em um comunicado ter lançado panfletos, sem precisar o conteúdo da mensagem.
Sem prazos
A chanceler israelense, Tzipi Livni, se negou a estabelecer prazos para o fim dos ataques israelenses, afirmando que Israel precisa de qualquer forma alcançar seus objetivos, em entrevista publicada neste sábado (10).
"Não estamos tentando reocupar a Faixa de Gaza. Mas precisamos ver se alcançamos nossos objetivos", disse Livni ao jornal "The Washington Post".
Sobre se os ataques terão terminado quando o novo presidente americano, Barack Obama, assumir o poder, em 20 de janeiro, Livni disse que "quanto menor for o período de combates, melhor para Israel".
"Mas afinal de contas é uma guerra contra o terrorismo", afirmou. "Não pedimos à comunidade internacional que lute conosco. Pedimos que nos dê compreensão e tempo", acrescentou. "Quando terminarem os ataques, Israel terá de estar seguro de que o Hamas não vai se rearmar", disse a chanceler.
"Para ter esta certeza, é preciso enfrentar o tema da chegada de mísseis do Irã para o grupo palestino Hamas e a segurança na fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito", afirmou.
Situação humanitária grave
A situação humanitária é grave em Gaza, segundo testemunhas, a agência da ONU que cuida dos refugiados palestinos e organizações não-governamentais que atuam na área.
O serviço médico palestino estima que cerca de um terço dos mortos tenham menos de 16 anos.
A agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA) anunciou que vai retomar suas atividades de ajuda humanitária na Faixa de Gaza o mais rápido possivel, depois de ter recebido garantias de Israel de que seu pessoal será respeitado pelas tropas.
"A ONU recebeu garantias críveis de que a segurança de seu pessoal, instalações e operações humanitárias seria totalmente respeitada", disse em Nova York Michele Montas, porta-voz da entidade.
As atividades da agência estavam suspensas desde quinta-feira, depois que um ataque a um comboio que levava ajuda humanitária matou dois motoristas palestinos. A ONU atribuiu o ataque ao Exército de Israel.