Por Nidal al-Mughrabi
GAZA (Reuters) - Soldados israelenses e militantes palestinos entraram em confronto na periferia da cidade de Gaza neste domingo, depois que tanques e tropas de Israel invadiram o enclave costeiro, no pior combate do conflito em décadas.
Mais de 30 palestinos, a maioria civis, além de combatentes do grupo islâmico Hamas, foram mortos na explosão de bombas israelenses lançadas contra casas e o principal centro comercial de Gaza, disseram testemunhas e fontes entre os médicos palestinos.
Trinta soldados israelenses foram feridos, segundo Israel.
As ambulâncias tiveram dificuldades para chegar às vítimas à medida que a luta se intensificava no território superadensado onde vivem 1,5 milhão de pessoas.
A invasão por terra prevista há tempos da Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, teve início depois de uma semana de bombardeios israelenses, que não conseguiram impedir os militantes do grupo de lançar foguetes contra o sul de Israel, a provocação que Israel declara como motivo da invasão.
Cerca de 25 foguetes foram disparados contra Israel neste domingo, dos quais um atingiu uma casa na cidade de Sderot e feriu uma mulher, disse o Exército israelense.
Mais de 500 palestinos foram mortos em nove dias da "Operação Chumbo Fundido", como é chamada por Israel. Desde o início dos combates, quatro israelenses foram mortos pelos disparos de foguetes do Hamas. Autoridades do Estado judaico dizem que a ofensiva pode durar vários dias.
Apelos por um cessar-fogo por parte dos Estados Unidos, firme aliado de Israel, de outros governos e das Nações Unidas fracassaram por causa de desavenças sobre seus termos.
TERRITÓRIO CORTADO PELA METADE
Tanques e tropas israelenses praticamente cortaram o território de Gaza em dois durante a noite de invasão, e neste domingo de manhã estavam rodeando a própria cidade de Gaza, disseram testemunhas palestinas.
Disparos de Israel mataram 32 palestinos -- cinco deles soldados -- na principal área comercial da cidade de Gaza, segundo testemunhas e funcionários de hospitais.
Soldados israelenses e combatentes do Hamas estavam entrincheirados em batalhas no leste do bairro de Zeitoun, o forte reduto do grupo na cidade, disseram testemunhas.
"Eles vieram para onde queríamos e vão logo receber seus presentes", afirmou um membro do Hamas perto dos limites da área dos confrontos.
O Hamas disse ter capturado dois soldados israelenses, fato que iria pôr em evidência o risco político para Israel por ter enviado tropas para Gaza. O Exército israelense afirmou não ter conhecimento da captura de nenhum de seus soldados.
A aviação israelense atingiu dezenas de alvos, incluindo túneis usados para contrabando de armas, depósitos de armamento e esquadrões de lançamento de granadas de morteiro.
"Durante as trocas de tiros pela noite, dezenas de militantes armados do Hamas foram atingidos", disse um comunicado militar de Israel.
O forte aumento do número de vítimas civis provavelmente vai levar a maior pressão internacional sobre Israel para que encerre sua maior operação na Faixa de Gaza em quatro décadas.
Mas os combates também trazem riscos políticos significativos para os líderes israelenses antes da eleição nacional, marcada para 10 de fevereiro, especialmente se suas forças sofrerem pesadas baixas nos confrontos de rua.
O ministro da Defesa israelense, Ehud Barak, disse que a meta da ofensiva terrestre é proteger o sul israelense dos ataques de foguetes do Hamas. Em um pronunciamento na TV, ele evitou fazer qualquer ameaça de tentativa de desalojar o Hamas do governo.
"Não será fácil. Não será rápido", disse Barak, líder do Partido Trabalhista, de centro-esquerda, e candidato a primeiro-ministro na eleição.
Um porta-voz das Brigadas Izz el-Deen al-Qassam, o braço armado do Hamas, disse que os soldados israelenses correm o riso de morte ou captura.
"O inimigo sionista tem de saber que sua batalha em Gaza é uma batalha perdida", disse o porta-voz Abu Ubaida.
FRANÇA TAMBÉM CONDENA COMBATES
A França condenou a ofensiva terrestre israelense e os disparos de foguetes do Hamas. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, é esperado segunda-feira em Jerusalém.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu o fim imediato da operação terrestre.
Em uma conversa por telefone com o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, Ban expressou sua "preocupação e desapontamento extremos", disse um comunicado da ONU.
Ban também pediu que Israel garanta a segurança dos civis e permita que a ajuda humanitária chegue aos necessitados.