Tzipi Livni, chanceler de Israel, disse nesta terça-feira que a ofensiva militar realizada pelo Exército israelense contra o grupo radical islâmico Hamas, na faixa de Gaza, serve tanto a interesses dos palestinos quanto dos israelenses, informa jornal "Haaretz". O presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, porém, acusou o Estado hebreu de tentar "aniquilar" o povo palestino.
Nesta terça-feira, a operação israelense completa 18 dias com mais de 900 palestinos mortos e cerca de 4.000 feridos. Entre a noite desta segunda-feira (12) e madrugada desta terça, os militares israelenses atacaram cerca de 60 alvos em Gaza, entre os quais um hotel que seria usado para abrigar membros do Hamas e 15 túneis que servem para o contrabando tanto de armas para os militantes quanto de água e alimentos para a população.
Em reunião com o Comitê Americano Judaico, Livni afirmou que a ofensiva terá saldo positivo para os palestinos pois irá beneficiar as forças moderadas da região -- inclusive que defendem a criação de um Estado palestino. Ela afirmou que Israel quer dialogar com moderados, mas rejeita extremistas.
O ministro de Defesa israelense, Ehud Barak, fez coro à manutenção da ofensiva ao dizer, também nesta terça-feira, que o governo de Israel respeita os pedidos de cessar-fogo da ONU (Organização das Nações Unidas) e participa dos diálogos por um acordo no Egito, porém que não irá interromper a ofensiva.
Nesta quarta-feira (14), o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, chega à região. No dia seguinte, ele deve conversar com autoridades israelenses. Ban disse a jornalistas em Nova York, onde fica a sede da ONU, que, na viagem, irá insistir nas reuniões diplomáticas entre israelenses e árabes.
Ele defenderá também que a resolução pelo cessar-fogo imediato aprovada pelo Conselho de Segurança seja "respeitada integralmente".
"Israel insiste nesta agressão para aniquilar nosso povo em Gaza", afirmou Abbas, presidente da ANP, durante reunião do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). "É o 18º oitavo dia da agressão israelense contra o nosso povo. Essa agressão fica mais brutal a cada dia, e o número de vítimas aumenta."
Conflito
Nas ruas da cidade de Gaza, israelenses e integrantes do Hamas entram em confronto. O Exército confirmou que um oficial israelense ficou gravemente ferido. O momento de maior violência foi a invasão de bairros do sul da cidade de Gaza por tropas com tanques e aviões. Os militantes responderam à invasão com bombas colocadas nas ruas, obuses de morteiro e foguetes antitanque.
Durante a noite, em resposta aos ataques israelenses, o Hamas e seus aliados dispararam quatro foguetes contra o Estado hebreu, sem deixar feridos. Para o Exército israelense, já caiu o número de ataques com foguetes realizados pelos palestinos.
Fósforo
O grupo internacional de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch acusou Israel de usar armas contendo fósforo branco -- considerado ilegal pelas leis internacionais de guerra -- em Gaza. De acordo com o grupo, múltiplas explosões de artilharia israelense com o fósforo branco ocorreram sobre a cidade de Gaza e Jabalaya na sexta-feira (9) e sábado (10).
Nesta terça-feira, o general Gabi Ashkenazi, chefe das Forças de Defesa israelenses, negou as acusações de uso de fósforo branco. "Nossa ação está de acordo com leis internacionais", disse, de acordo com o israelense "Jerusalem Post".