Dez facções palestinas, incluindo o movimento islâmico radical Hamas, com sede em Damasco, rejeitaram nesta quinta-feira o plano egípcio para colocar fim às hostilidades na faixa de Gaza, ao considerar que não tem "uma base válida".
Na nota, as facções dizem que não veem "na iniciativa egípcia nenhuma base válida para uma solução aceitável". As facções argumentam que o plano do Egito inclui artigos que consideram arriscados para a resistência palestina e seu futuro.
A recusa ocorre no 13º dia consecutivo da grande ofensiva israelense contra alvos do Hamas na faixa de Gaza, que já deixou mais de 700 mortos.
O Egito apresentou um plano contra a crise em Gaza que contempla uma trégua entre Israel e as facções palestinas por um período limitado e a abertura de um diálogo do qual participem o Hamas e a Autoridade Nacional Palestina (ANP) e que adote "todas as medidas necessárias" para deter a violência.
Assim, as conversas incluiriam assuntos como o combate ao contrabando de armas na fronteira de Gaza e a reabertura de todos os postos de controle fronteiriços fechados desde que o Hamas assumiu o controle da faixa territorial em junho de 2007, expulsando o Fatah, partido do presidente da ANP, Mahmoud Abbas.
Segundo as facções, o objetivo do plano egípcio é "impor restrições ao movimento de resistência, bloqueá-lo enquanto concede carta branca ao inimigo [Israel]".
"A iniciativa ajudaria somente o inimigo a atingir os objetivos que não conseguiu até agora", adverte o texto.
Além disso, os grupos palestinos questionaram a participação de outros países árabes no plano, embora não tenham citado nenhum Estado.
Os palestinos também rejeitaram o deslocamento de observadores internacionais para a faixa de Gaza e renovaram as chamadas a Israel para que "detenha a agressão, se retire imediatamente [do território palestino], suspenda o bloqueio e abra as passagens fronteiriças, particularmente a de Rafah [na fronteira entre Gaza e Egito]".
Além do Hamas, assinaram o comunicado as facções Jihad Islâmica, Frente Democrática para a Libertação da Palestina (FDLP) e Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), entre outras.
Reunião
Nesta quinta-feira, dois representantes do governo israelense chegaram ao Cairo, Egito, para negociar o cessar-fogo dos confrontos na faixa de Gaza.
Os diplomatas egípcios disseram nesta quarta-feira que as conversas focarão a proposta franco-egípcia e serão realizadas separadamente com os representantes de Israel, da Autoridade Nacional Palestina (ANP), presidida por Mamhoud Abbas, e do movimento islâmico radical Hamas.
A agência oficial de notícias egípcia Mena afirma que os representantes discutirão "os detalhes básicos de como implementar a iniciativa".
A última trégua assinada entre Israel e Hamas acabou oficialmente no último dia 19. Oito dias depois, Israel iniciou uma grande ofensiva militar na faixa de Gaza para enfraquecer o Hamas e interromper o lançamento de foguetes artesanais contra seu território.
Com Efe