Por Nidal al-Mughrabi
GAZA (Reuters) - As forças israelenses chegaram mais perto do coração da cidade de Gaza na terça-feira e o principal general de Israel disse que "ainda há trabalho pela frente" contra o Hamas, na violenta ofensiva que já dura 18 dias.
O total de palestinos mortos subiu para 952, informou o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, contabilizando a morte de 400 mulheres e crianças na campanha israelense. Israel disse que as perdas de seu lado somam 10 soldados e três civis atingidos por foguetes do Hamas.
Explosões e disparos de artilharia pesada ecoaram pela cidade de 500 mil habitantes depois que os tanques israelenses se aproximaram, mas não entraram, na região central da cidade, densamente povoada.
Talat Jad, de 30 anos, morador do subúrbio Tel al-Hawa, de Gaza, onde os tanques entraram durante a noite, disse que ele e outros 15 membros de sua família abrigaram-se em um cômodo da casa deles, sem coragem de olhar pela janela.
"Nós até desligamos nossos celulares porque ficamos com medo de que os soldados dos tanques pudessem ouvi-los", disse Jad. "Alguns de nós recitamos o Alcorão e outros rezaram para que o barulho das explosões acabasse."
Profissionais da área médica disseram que 18 combatentes palestinos -- em sua maioria integrantes do grupo islâmico Hamas, que governa a Faixa de Gaza -- e sete civis morreram nos combates mais recentes.
No Cairo, uma delegação do Hamas retomou as conversações com o Egito sobre um plano de cessar-fogo proposto pelo país árabe, que faz fronteira com a Faixa de Gaza e com Israel e que fez as pazes com o Estado judaico.
Um caça israelense atacou 60 alvos, incluindo túneis usados por militantes de Gaza para contrabandear armas a partir da fronteira com o Egito, locais de fabricação de armas e postos de comando do Hamas, disse o Exército de Israel.
Dois foguetes atingiram Beersheba, no sul de Israel, sem deixar feridos.
"Nós já conseguimos fazer muita coisa atingindo o Hamas e sua infraestrutura, seu governo e seu braço armado, mas ainda há trabalho pela frente", disse o tenente-general Gabi Ashkenazi, chefe do estado-maior das forças armadas de Israel, a um comitê parlamentar.
Ashkenazi afirmou que os aviões israelenses lançaram mais de 2,3 mil ataques desde o início da ofensiva, no dia 27 de dezembro.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, está a caminho da região para uma semana de negociações com líderes no Egito, Israel, Jordânia e Síria com vistas a pôr fim ao derramamento de sangue.
Grupos de direitos humanos relataram escassez de suprimentos vitais, incluindo água, na Faixa de Gaza. A escassez de combustíveis provoca apagões frequentes.