O jornal israelense "Haaretz" informa em reportagem publicada em seu site que as Forças de Defesa israelenses iniciaram ataque terrestre contra alvos do movimento islâmico radical Hamas, na faixa de Gaza, considerado um passo adiante na grande ofensiva militar de Israel na região, que, em oito dias consecutivos de bombardeios, deixou 420 mortos e cerca de 2.200 feridos.
Testemunhas palestinas disseram ao jornal que o ataque terrestre foi realizado em campos abertos da fronteira da faixa de Gaza. O bombardeio causou uma grande explosão na cidade de Gaza, assim como uma série de explosões próximo à fronteira com Israel. Segundo as agências internacionais de notícias, não há informações até o momento sobre vítimas do ataque terrestre.
A artilharia israelense costuma atacar com munição de 155 mm. Caso Israel efetivamente inicie uma ofensiva terrestre contra a faixa de Gaza, pode aumentar significativamente o número de vítimas civis -- que, segundo agências da ONU (Organização das Nações Unidas), correspondem a 25% do total de vítimas.
Há dias Israel mantém tanques e artilharia a postos na fronteira com Gaza, preparados para, a qualquer momento, cumprir decisão das Forças de Defesa de evoluir na estratégia da ofensiva militar.
Na manhã deste sábado, a rádio Israel divulgou, citando fontes do Hamas, que, durante a madrugada, seus homens frustraram a primeira tentativa do Exército israelense de entrar por terra na região de Shajaiyeh, em Gaza.
Segundo a rádio, o Hamas informou que seus militantes detectaram soldados e atiraram seis morteiros. Ainda segundo o Hamas, os soldados abriram fogo contra seus militantes e depois retornaram para território israelense.
No entanto, um porta-voz do Exército negou taxativamente que tenha acontecido uma operação do tipo. Analistas apontam que o Exército evita um ataque terrestre com temor das minas terrestres implantadas por militantes do Hamas na região da fronteira, justamente para conter a chegada dos tanques israelenses.
Aviso
Na quinta-feira passada (1º), o jornal israelense "Haaretz" informou que as Forças de Defesa israelenses propuseram ao governo uma ampla, mas breve, ofensiva terrestre na faixa de Gaza.
Na liderança do Exército, predomina a opinião de que é necessário pressionar ainda mais o Hamas, que controla Gaza desde junho de 2007, para que os seus militantes encerrem definitivamente os ataques de foguetes contra o território israelense.
As Forças de Defesa israelenses disseram, segundo o "Haaretz", que os ataques com foguetes do sul devem continuar durante uma possível ofensiva terrestre e recomendaram que uma saída diplomática seja planejada, enquanto a comunidade internacional tenta um acordo de cessar-fogo.
Na terça-feira (30), o premiê israelense, Ehud Olmert, afirmou que a ofensiva israelense na faixa de Gaza estava apenas na primeira fase, entre várias já decididas -- declaração tida como o primeiro sinal claro de um ataque terrestre.
"As operações aéreas e marítimas do Exército israelense constituem a primeira fase entre várias já aprovadas pelo gabinete de segurança", disse Olmert durante uma reunião com o presidente, Shimon Peres.
Bombardeios
Simultaneamente ao ataque terrestre, os aviões da Força Aérea Israelense (IAF, na sigla em inglês) ampliaram os bombardeios a alvos do norte da faixa de Gaza. A IAF bombardeou mais de 40 alvos ao longo de todo este sábado, matando o terceiro chefe do Hamas desde o início da ofensiva militar, no último dia 27.
Abu Zakaria al-Jamal, comandante do braço armado do Hamas, morreu de ferimentos causados por um bombardeio aéreo na madrugada.
Há oito dias consecutivos, Israel comanda uma operação militar na faixa de Gaza com bombardeios que atingiram diversos pontos vinculados ao Hamas, como ministérios, casas de ativistas, delegacias, mesquitas, a sede de uma ONG e edifícios da Universidade Islâmica e que já matou três importantes líderes do grupo.
Segundo Israel, a ofensiva é uma resposta à violação -- e lançamento de foguetes -- do Hamas da trégua de seis meses assinada com Israel e que acabou oficialmente no último dia 19. Trata-se da pior ofensiva realizada por Israel desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967.