O Conselho de Segurança da ONU encerrou sem progresso sua terceira reunião em menos de duas semanas sobre a situação de conflito na faixa de Gaza. Pressionado a fechar um acordo para encerrar os combates, que já deixaram ao menos 600 palestinos mortos, o conselho não chegou a nenhuma medida concreta de fato.
A principal pressão no encontro, realizado na sede da ONU em Nova York (EUA), surgiu do presidente palestino, Mahmud Abbas. Ele pediu a "suspensão total e imediata da agressão israelense" e o fim do cerco de Israel contra a faixa de Gaza, que impede a entrada de ajuda médica, comida, energia e combustíveis no território palestino.
Nesta terça-feira, o governo israelense anunciou que concordou em estabelecer um "corredor humanitário" para permitir que sejam levados suprimentos vitais para a população palestina na faixa de Gaza. A medida é a primeira desde o início dos bombardeios israelenses, no último dia 27, em resposta aos lançamentos de foguetes caseiros pelo Hamas.
Na ONU, os 15 membros do conselho acordaram sobre a necessidade de pôr fim ao derramamento de sangue no território palestino, mas discordaram a respeito da forma ideal de conseguir a cessação das hostilidades.
A reunião foi eclipsada pelo convite do presidente egípcio, Hosni Mubarak, que chamou israelenses e palestinos para uma reunião urgente, no Egito, visando negociar o fim do conflito na faixa de Gaza. Após um encontro com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, Mubarak declarou ter lançado esse apelo às duas partes para "desembocar em acordos e garantias que poriam fim à escalada".
Mubarak também convidou as facções palestinas, em particular o Fatah, de Abbas, e o movimento islamita Hamas, a retomarem suas conversas de reconciliação.
Um total de 26 países tomaram a palavra no debate público realizado pelo principal órgão da ONU, que contou com a presença do presidente da ANP, Mahmoud Abbas, assim como com da do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
Propostas de cessar-fogo
A Líbia apresentou formalmente, em nome da Liga Árabe, uma resolução que pede a Israel que cesse suas atividades militares e ponha fim ao bloqueio imposto ao território palestino. O texto culpa Israel pela atual crise, sem mencionar os lançamentos de foguetes efetuados pelo movimento islâmico Hamas contra o sul do território israelense.
As potências ocidentais rejeitaram a proposta líbia, que provavelmente na quarta-feira será submetida à votação, por considerá-la desequilibrada ao não fazer referência ao Hamas.
Ainda nesta terça, França e Egito também apresentaram um plano para deter a ofensiva israelense na faixa de Gaza e iniciar um diálogo que coloque fim ao bloqueio sofrido pelo território palestino. Os membros do Conselho de Segurança se mostraram favoráveis ao plano conjunto.
Os Estados Unidos, que se opuseram às propostas anteriores apresentadas ao Conselho de Segurança da ONU pela Líbia, manifestaram apoio limitado à proposta franco-egípcia, também respaldada pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas.
O chanceler francês apresentou o plano ao Conselho de Segurança e destacou que o mesmo foi elaborado pelos presidentes Mubarak e Sarkozy durante uma segunda reunião entre ambos, realizada nesta terça-feira em Sharm el-Sheikh, em território egípcio.
Kouchner disse que o plano inclui a abertura de um diálogo do qual participem o Hamas e a Autoridade Nacional Palestina e que adote "todas as medidas necessárias" para deter a violência.
Nesse diálogo, seriam incluídos assuntos como o combate ao contrabando de armas na fronteira de Gaza e a reabertura de todos os postos de controle fronteiriços fechados desde que o Hamas assumiu o controle da faixa territorial em junho de 2007, expulsando o Fatah, partido de Abbas.
Foguetes
A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, disse em seu discurso no conselho que Washington apoiará uma resolução apenas que conduza a pôr fim o lançamento de foguetes e restaure o controle da ANP (Autoridade Nacional Palestina) sobre Gaza.
"É imperativo que qualquer cessar-fogo seja durável e sustentável, e que garanta da mesma maneira a segurança dos israelenses e dos palestinos", afirmou.
Ontem, um tanque atingiu uma escola administrada pela ONU em Gaza provocando a morte de ao menos 30 pessoas, entre elas várias crianças e civis. Na noite desta segunda-feira, um ataque a uma outra escola administrada pela organização deixou ao menos três civis palestinos mortos.
Dois disparos de tanque ocorreram do lado de fora da escola, lançando estilhaços em pessoas que estavam dentro e fora do prédio. Centenas de palestinos estavam no local para se refugiar dos combates entre soldados israelenses e militantes do Hamas.
Israel comanda nesta quarta-feira o 12º dia consecutivo de uma grande ofensiva militar contra o grupo islâmico radical na faixa de Gaza. Segundo Israel, a ofensiva militar é justamente uma resposta à violação do Hamas da trégua de seis meses assinada com Israel e que acabou oficialmente no último dia 19.
Com agências internacionais