Marcelo Ninio
A ofensiva militar de Israel contra o grupo fundamentalista Hamas chegou ao seu momento crítico neste domingo. Com a invasão terrestre na faixa da Gaza, os israelenses buscam finalizar o que oito dias de intensos bombardeios aéreos não conseguiram: impedir que os extremistas lancem foguetes em seu território, desarticular a liderança do Hamas e, se possível, tirar o grupo do poder.
As informações são de Marcelo Ninio, correspondente da Folha, que está em Sderot. A cidade fica a pouco mais de um quilômetro do local onde acontecem as operações.
Embora não admita oficialmente, o Exército israelense considera a queda do Hamas o desfecho ideal dessa operação. Segundo o jornalista, isso fica claro pelos comentários de alguns membros do governo, que querem aproveitar essa ofensiva para se livrar de um regime que não reconhece Israel.
"Mas isso é só o objetivo maximalista. Os mais pragmáticos sabem que para derrubar o Hamas não basta disparar mísseis do ar. Seria preciso reocupar a faixa de Gaza, o que implica em custo político e militar que pouquíssimos israelenses estão disposto a pagar", declara Ninio.
Por isso, diz o correspondente, Israel entrou na faixa de Gaza com as expectativas reduzidas. O objetivo era neutralizar o poder de fogo do Hamas e obrigar os fundamentalistas a aceitar uma trégua em posição de fraqueza.
"É difícil ainda estimar até que ponto a capacidade de resistência do Hamas foi atingida, porque a imprensa continua impedida de entrar em Gaza. É certo que, depois de mais uma semana de bombardeio, o golpe foi duro. Mas a grande questão é se foi duro o suficiente para que o Hamas se renda às condições de Israel", diz o jornalista.
Gaza continua sendo bombardeada pesadamente e a população civil, acuada, sofre escassez de suprimentos básicos. Os foguetes do Hamas ainda caem em cidades israelenses da fronteira, como Sderot, o que obriga constantes corridas para os abrigos antiaéreos, relata Ninio.
Segundo ele, o Exército de Israel afirma que a ofensiva pode durar semanas. Isto, porém, também faz parte de uma tática de intimidação que existe em toda guerra. "Com o aumento da pressão internacional, a partir dessa semana, para que haja uma trégua, não deve restar muito tempo para que Israel alcance seus objetivos", conclui o correspondente.