A agência da ONU (Organização das Nações Unidas) para os refugiados palestinos (UNRWA) anunciou nesta quinta-feira a suspensão de todas as atividades humanitárias na faixa de Gaza depois que um de seus comboios foi atingido por um obus disparado pelo Exército israelense, disse o porta-voz Chris Gunness.
"Manteremos esta suspensão até que as autoridades israelenses garantam a segurança de nossas equipes", acrescentou Gunness, que não especificou o tempo da suspensão. "Dois morteiros atingiram de perto um caminhão do comboio que se dirigia a Erez e uma pessoa foi morta", afirmou.
A UNRWA ajuda cerca de 750 mil palestinos no território e fornece comida para cerca de 750 mil moradores de Gaza. A agência comanda ainda dezenas de escolas e clínicas por todo o território e tem cerca de 9.000 funcionários dentro de Gaza e uma pequena equipe de membros internacionais que trabalham no local.
Segundo outro porta-voz da ONU, Adnan Abu Hasna, soldados das forças israelenses atiraram contra um caminhão que transportava ajuda humanitária na faixa de Gaza.
Segundo Hasna, o ataque israelense aconteceu durante o cessar-fogo temporário de três horas declarado por Israel nesta quinta-feira justamente para a entrada dos caminhões com suprimentos aos cerca de 1,5 milhão de palestinos que vivem na região. As agências de notícias, contudo, indicam que o ataque aconteceu pouco antes do cessar-fogo entrar em vigor.
O caminhão, ainda segundo Hasna, estava identificado com a bandeira e a insígnia da ONU quando foi atingido pelas tropas de Israel.
Tensão
O Exército israelense afirmou que está investigando o ocorrido. O ataque, contudo, deve aumentar a tensão entre Israel e ONU desde que as tropas israelenses atacaram três escolas administradas pela agência da ONU para refugiados palestinos em Gaza, matando mais de 40 civis.
Segundo Israel, combatentes palestinos haviam se posicionado no local para disparar morteiros contra suas tropas. A ONU afirma que a escola estava sendo usada para abrigar civis refugiados dos confrontos entre Israel e Hamas e condenou os ataques como uma violação às leis de guerra.
"Não podemos continuar operando desta maneira. O que pedimos ao Exército israelense é que deixe operar os agentes humanitários trabalharem", declarou outro porta-voz da UNRWA, Francesc Claret.
A faixa de Gaza teve, pelo segundo dia consecutivo, um cessar-fogo de três horas para que a população civil possa obter mantimentos. A trégua ocorreu novamente entre 13h e 16h (9h e 12h de Brasília). Segundo Peter Lerner, porta-voz do Exército israelense para a coordenação com os territórios palestinos, a medida tem por objetivo 'permitir que a população se abasteça de artigos essenciais'.
A crise humanitária na faixa de Gaza foi agravada com a grande ofensiva militar israelense na região que, em seu 13º dia consecutivo de bombardeios, deixou mais de 700 palestinos mortos. Os confrontos com os militantes do movimento radical islâmico Hamas deixaram também ao menos 11 israelenses mortos, sete soldados (dos quais quatro morreram por fogo amigo) e quatro civis atingidos por foguetes em cidades de Israel.
Com Efe e France Presse